Diferentemente do camponês
João Bosco, que descobriu a cidade somente com a idade de 15 anos, quando
chegou como estudante a Chieri, Miguel Rua nasceu em Turim [9/6/1837], capital
do Reino da Sardenha, onde vai morar por toda a vida. Será sempre um cidadão, o
filho de uma cidade do período pré-industrial, que lentamente se desenvolvia de
um passado do qual se orgulhava, numa época mais liberal de monarquia
constitucional.
No fim da década de 1840, Dom
Bosco estava se tornando, na cidade de Turim, aos olhos dos seus admiradores,
um personagem carismático, quase taumatúrgico. A imprensa católica começou a
celebrá-lo em 1849. Um artigo afirmava que ele possuía “uma força prodigiosa”
sobre o coração dos jovens. Esse “novo discípulo de Felipe Neri” tinha o poder
de operar prodígios. A hagiografia salesiana faz remontar justamente a esses
anos uma multiplicação de hóstias, uma multiplicação de castanhas e até a
ressurreição temporária de um jovem de
15 anos, para que pudesse confessar um pecado grave antes de morrer
definitivamente.
As pessoas, dentro e forado Oratório, costumavam atribuir-lhe
milagres, mesmo quando ele negava ser o autor deles. Dos 8
anos (1855) até os 23 anos (sacerdote), Dom Rua cresce e se forma ao lado de
Dom Bosco. Primeiro com contatos esporádicos, e de 1852 em Valdocco (até a
morte). Rapaz, jovem, leva de presente para
Dom Bosco: inteligência lúcida, inata propensão à disciplina, boa
preparação cultural, profundo espirito de piedade, amor à ordem e à exatidão. Com
17 anos Dom Rua se coloca completamente
à disposição de Dom Bosco.
No dia
26 de janeiro de 1854: faz “uma prova de exercício prático da caridade em favor
do próximo, para chegar depois a uma promessa, e em seguida, será possível e
conveniente, fazer um voto ao Senhor”. Rua é membro ativo das Conferências de S. Vicente (1855…) - Cofundador,
com D. Sávio, da Companhia da Imaculada (1856). - No dia 25 março de 1855:
emite votos privados. - 1858: vive fabulosa experiência com Dom Bosco em Roma.
Miguel Rua e Filipe Rinaldi, beatos |
No início
do ano escolar de 1855-1856, o clérigo Rua começou os estudos de teologia
frequentando as aulas do seminário. Enquanto isso, Dom Bosco
refletia. Sua obra havia se consolidado com a chegada a Valdocco, em outubro de
1854, de um padre de idade madura, padre Vitório Alasonatti. Fez dele seu vice
e lhe conferiu o título de prefeito. No entanto, começava a estruturar de modo
mais preciso os ritmos e as atividades da casa e de toda a instituição. Mas
conseguiria criar aquela sociedade religiosa que parecia necessária para reger
a obra dos Oratórios?
Numa breve
anotação de Dom Rua, lê-se: “Na noite de 26 de janeiro de 1854 reunimo-nos no
quarto de Dom Bosco: Dom Bosco, Rocchietti, Artiglia, Cagliero e Rua; e foi-nos
proposto fazer com a ajuda de Nosso Senhor e de São Francisco de Sales uma
provade exercício prático da caridade para com o próximo para chegar mais tarde
a uma promessa; e por fim, se possível e conveniente, a um voto ao Senhor.
Desde essa tarde foi dado o nome de Salesianosaos que se propuseram e se
propuserem tal exercício.”.
No fim de um ano de noviciado, que ninguém designava com seu verdadeiro nome, Dom Bosco pensou que era chegado o momento de dar início a uma nova fase. Durante as conferências começou a falar dos votos religiosos, mas de maneira quase “acadêmica”. Em março de 1855 convidou abertamente Rua a emitir os três votos. Rua aceitou. A cerimônia cercou-se da maior discrição. Ajoelhado no quarto de Dom Bosco ante um simples crucifixo, sem outra testemunha senão o seu diretor e pai espiritual, Rua fez a profissão por um ano. Era o dia 25 de março. Cerimônia sem esplendor, mas, dizia o padre Auffray que gostava de imagens, “nascia algo de grande entre aquelas quatro paredes, uma ordem religiosa começava a bater as asas”. Na verdade o jovem clérigo de dezoito anos, aluno do segundo ano de filosofia, não tinha absolutamente consciência disso. Pensava tão somente em ajudar a Dom Bosco na “obra dos oratórios”.
No dia 9 de
dezembro, Dom Bosco disse: “Vós que frequentáveis nossas conferências, fostes
escolhidos por mim, porque vos julgava aptos a vos tornardes um dia membros
efetivos da Pia Sociedade que tomará, ou melhor, conservará o nome de
Salesiana, isto é, colocada sob a proteção de São Francisco de Sales. Estamos,
pois, entendidos: quem não tiver vontade de inscrever-se peço que não venha
mais às conferências que em continuação darei: o não comparecimento será para
mim sinal de renúncia à própria adesão. Deixo-vos uma semana de tempo para
pensar. Rezem para que o Senhor os ilumine”.
À saída da
reunião houve um silêncio desusado. Mas logo que as línguas se desataram se
podem verificar quanta razão tinha Dom Bosco em proceder com lentidão e
prudência. Alguns murmuravam que Dom Bosco queria fazê-los “frades”. Cagliero
media o pátio com grandes passos, dominado por sentimentos contraditórios. Mas na maioria o
desejo de “ficar com Dom Bosco” levou a melhor. Na “conferência de adesão” que
se reuniu na tarde de 18 de dezembro, uma semana depois, faltaram apenas dois
dos que haviam participado da conferência precedente.
A prudência de Dom Bosco
explica o emprego de uma terminologia não muito clara. Para evitar o termo
suspeito de noviciado (embora se tratasse precisamente disso), julgou oportuno
propor-lhes “uma prova de exercício prático da caridade para com o próximo”. O
nome de Salesianos na realidade não causava nenhuma surpresa. Todos conheciam
o culto que Dom Bosco professava ao santo bispo de Genebra. De há muito
colocara o Oratório sob a proteção de São Francisco de Sales. Acabava-se de
construir uma igreja em sua honra. Talvez o apelativo já fosse usado há tempo
simplesmente para designar o pessoal do Oratório de São Francisco de Sales.
Miguel Rua estava entre os escolhidos.
Que lindo este pequeno resumo da biografia de Dom Rua, sempre fui fã dele.Transparece na sua imagem humildade e a simplicidade de sua alma. Dom Bosco acertou na mosca escolhendo-o para iniciar a Congregação dos Salesianos.
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