quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A exemplo de Miguel Rua sejamos continuadores!

No dia da Beatificação do Padre Rua, o Papa Paulo VI afirmou: “sucessor de Dom Bosco, isto é, continuador: filho, discípulo, imitador... Fez do exemplo do Santo uma escola, da sua vida uma história, da sua regra um espírito, da sua santidade um tipo, um modelo; fez da fonte uma corrente, um rio. ” Partindo desta afirmação, gostaria de tratar, ainda que de maneira sucinta, alguns aspectos da vida do Beato Padre Miguel Rua que são motivadores para a busca da santidade, Santidade Salesiana.
No dia 9 de junho de 1837 nasce em Turim, Miguel Rua, filho de João Batista Rua e de Joana Maria Ferrero, segunda esposa de João Batista, que ficou viúvo no ano de 1828. Miguel perdeu seu pai em agosto de 1845, mesmo ano em que recebeu a primeira eucaristia e que realizou seu primeiro contato com Dom Bosco.
O primeiro contato de Miguel com Dom Bosco se deu por meio de um jovem que entregou a Rua o bilhete de um sorteio que Dom Bosco costumava fazer para atrair os jovens para seu oratório -que neste período funcionava ainda no pequeno hospital da marquesa Barolo. Rua ficou encantado com o jovem Padre Bosco. E assim o foi por toda sua vida até seu ocaso, em 6 de abril de 1910.
Podemos perceber que por é por meio dos pequenos encontros que realizamos na vida que podemos reconhecer o chamado de Deus e fazer da nossa vida serviço aos irmãos e por conseguinte uma vida de santidade. Apresento agora um breve histórico com os principais fatos que aconteceram e que marcam a vida do Padre Rua.
  No ano de 1850 o menino Rua começa a frequentar as aulas de latim regularmente no oratório, em 1854 participa da tão importante reunião que Dom Bosco realiza em seu quarto, que dá origem a ideia da Congregação Salesiana; em 1855 Rua realiza os votos temporários no dia 25 de março, e é ordenado sacerdote em 1860; em 1862 realiza os votos perpétuos; no ano de 1884 é, por vontade de Leão XIII, vigário geral da Congregação Salesiana. E após a morte de Dom Bosco em 1888 é eleito reitor-mor, ou seja, sucessor de Dom Bosco - cargo que exerce fielmente até sua morte.
Em 2010, celebramos o centenário da morte do Padre Miguel Rua. Para celebrar este momento importante para toda a Família Salesiana o Padre Pascual Chávez Villanueva, então Reitor-mor, dedicou a Estreia daquele ano para uma reflexão que nos leva a perceber que o Padre Rua nos ensina a sermos santos hoje, e o aspecto apresentado como fundamental é sem dúvida sua fidelidade.
Para o Padre Rua, conhecer Dom Bosco foi experimentar radicalmente em sua vida o amor de Deus. É este amor que faz dele, como poderíamos dizer com o Documento de Aparecida, “discípulo e missionário de Jesus”. Ser discípulo é ser fiel e a fidelidade deve levar-nos à fecundidade. Ainda no discurso de beatificação do padre Rua, Paulo VI afirmou: “O que nos ensina o padre Rua? A sermos continuadores... a imitação do discípulo não é a passividade...” eis aqui o exemplo a ser seguido por nós jovens e por toda Família S


alesiana.
Nós temos de ser continuadores...a partir dos encontros que realizamos em nossas vidas. Assim seremos impulsionados a servir com pessoas de bem, que não são passivas diante do mundo, mas que sabem transformar suas vidas fazendo delas um belo presente a Deus, como nos ensinou Dom Bosco.
Beato Miguel Rua: rogai por nós!

Quem nos ajudou?!

Ir. Vitor Aladic, SDB
Salesiano Irmão da Inspetoria Nossa Senhora Auxiliadora. Natural de Caieiras, na grande São Paulo. Hoje vive em Lorena como pós-noviço (II ano).




Referências
DESRAMAUT, Francis. Vida do padre Miguel Rua: Primeiro sucessor de Dom Bosco (1837 -1910). São Paulo: Editora Salesiana, 2010. Edição revista, aos cuidados de Aldo Giraudo.

LENTI, Arthur J.. Dom Bosco História e Carisma: 3: Apogeu: de Turim à glória de Bernini. Brasilia: Editora Dom Dosco, 2014.


VILLANUEVA, Pe. Pascual Chávez. Estréia 2010 "Senhor queremos ver Jesus": À imitação do Padre rua, como discípulos autênticos e apóstolos apaixonados, levemos o evangelho aos jovens. São Paulo: Editora Salesiana, 2010.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

BEM-AVENTURADOS JOSÉ CALASANZ E HENRIQUE SAIZ APARICIO E 93 COMPANHEIROS

“Desde os primeiros tempos, e sempre assim continuará a suceder, alguns cristãos foram chamados a dar este máximo testemunho de amor diante de todos, e especialmente perante os perseguidores. Por esta razão, o martírio, pelo qual o discípulo se torna semelhante ao mestre, que livremente aceitou a morte para salvação do mundo, e a Ele se conforma no derramamento do sangue, é considerado pela Igreja como um dom insigne e prova suprema de amor.” LG 42
        
Como o próprio trecho da Lumen Gentium assinalou, desde os primeiros tempos os cristãos sofreram perseguições. Assim foi no período mais clássico, até 313 d.C., ano em que o Imperador Romano Constantino reconhecia, com o Edito de Milão, a liberdade de culto à religião cristã; posteriormente houveram outros períodos conturbados na história de perseguição aos cristãos, como a Revolução Francesa e entre outras revoluções e regimes ditatoriais/totalitários que existiram. Também os cenários missionários na África, na América e na Ásia foram (e em alguns lugares, continuam a ser) palco do martírio de inúmeros cristãos.
         Um desses acontecimentos na história iniciou-se em 18 de julho de 1936, quando estourou a Guerra Civil Espanhola, que durou até 1939. Comandando o exército espanhol, o general Francisco Franco tentou um golpe de estado contra o governo democrático. Sendo mal sucedido, a Espanha dividiu-se entre falangistas e republicanos. Foi então um período dramático e sangrento, de antagonismos ideológicos, transformando-se num embate entre fascismo e democracia que provocou muitas mortes e destruição. Também a Igreja espanhola sofreu uma violenta perseguição, e foram presos e assassinados inúmeros sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, simplesmente por serem cristãos.
         Entre tantas pessoas massacradas, estão incluídos 95 membros da Família Salesiana. Para o processo de causa de martírio foram divididos em três grupos, que depois se reduziu a dois: José Calasanz e 31 companheiros, da cidade de Valencia; e Pe. Henrique Saiz Aparicio e 62 companheiros, das cidades de Sevilha e Madri. No geral são 39 sacerdotes, 22 clérigos, 24 coadjutores, 2 Filhas de Maria Auxiliadora, 4 salesianos cooperadores, 2 aspirantes salesianos e 1 colaborador leigo.
         O grupo de Valencia foi beatificado em 11 de março de 2001, pelo Papa João Paulo II, dentro de um grupo de 233 mártires. Os grupos de Sevilha e Madri foram beatificados no dia 28 de outubro de 2007, pelo Papa Bento XVI, dentro de um grupo de 498 mártires. Inúmeras pessoas, homens e mulheres, de diferentes idades e vocação, e que tiveram a coragem de testemunhar sua fé em Jesus Cristo e na Igreja. Morreram unicamente por motivos religiosos. Um grupo numeroso, mas que não anula as características e o testemunho de cada indivíduo, tendo cada um seu nome e sua história. Ao contrário, o número elevado mostra o valor e importância da comunidade cristã, da unidade, e revela também o chamado universal a santidade. Não foi só ‘esse’ ou ‘aquele’, mas um grupo que testemunhou a sua fé juntos. E todos eles, segundo o que consta nos processos canônicos para a declaração como mártires, antes de morrer perdoaram os seus executores.
         Dom Bosco em sua época já não descartava o martírio, sobre tudo em relação com as missões ad gentes. Por isso, quando projetava com os salesianos o método que deveriam seguir nas missões em terras distantes, se atreveu a pedir-lhes a máxima generosidade: “Se o Senhor em sua Providência – dizia – dispusesse que algum de nós sofresse o martírio, teríamos que nos amedrontar por isso?”. (MB, 21). Antes deste caso na Espanha, houve um caso na China e outro na Polônia. O martírio também faz parte da Santidade Salesiana.
         Como estão com os nomes levados a frente, vejamos brevemente um pouco da vida do Pe. José Calasanz e do Pe. Henrique Saiz Aparicio:

 Calasanz: nasceu em Azanuy, na província de Huesca (Espanha) aos 23 de novembro de 1872, de uma família de lavradores. Perdeu o pai aos dez anos e aos onze, a sua mãe. Foi morar com a tia em Barcelona, que servia na casa de uma família de cooperadores salesianos que pagaram os estudos do menino. Conheceu Dom Bosco pessoalmente quando estudava no colégio de Sarria, no ano de 1886. Foi encaminhando-se para a vida salesiana e sacerdotal, tornando-se salesiano em 1890 e cinco anos depois, sacerdote. Foi secretário do Pe. Felipe Rinaldi, que hoje também é beato, e foi missionário das terras de Cuba, Peru e Bolívia. Homem trabalhador, educado, humilde, enérgico e de grande espírito de serviço. Voltou a Barcelona em 1925, como superior provincial, e em julho de 1936 estava pregando exercícios espirituais na casa salesiana de Valencia. Quando a guerra eclodiu, a casa foi invadida e eles foram levados ao cárcere; de lá escreveu para o Reitor-Mor, na época, Pe. Pedro Ricaldone: “Eu não sei o tempo que temos aqui: Deus sabe se vai se prolongar por uns dias ou por semanas; e sei muito menos se a morte espera-nos. Mas a nossa confiança está posta em Deus e na proteção de Maria Auxiliadora e de nosso pai Dom Bosco. Tão pouco duvidamos de sua bênção e das orações do senhor e demais superiores e irmãos”. Aos irmãos que junto a ele viviam tais dificuldades, dizia: “Há que ter confiança na Divina Providência. E se nos matam, nos voltaremos a ver no Céu.”. Pe. Calasanz foi morto com um tiro de fuzil na cabeça enquanto estava em uma camionete, sendo levado junto com outros salesianos, pelos milicianos.

Henrique Saiz Aparicio: nasceu em Ubierna, na província de Burgos (Espanha) em 01 de dezembro de 1889. Professou como salesiano em 1909, e tornou-se sacerdote em 1918. Desde 1934 estava em Carabanchel Alto, periferia de Madri, como diretor do aspirantado. Em 1936 o instituto também foi invadido pelos milicianos. Prontamente o Pe. Henrique disse: “Se vocês querem sangue, aqui estou eu. Mas não façam mal aos meninos”. Os jovens foram libertados, enquanto Pe. Henrique e oito salesianos foram presos e posteriormente, mortos. Enquanto estavam no cárcere, ele procurou dirigir, aconselhar e acompanhar os irmãos que estavam com ele. Dizia: “temos que nos preparar, pois nosso martírio é certíssimo”. E antes de morrer, confiou a um amigo: “Que há de melhor do que morrer para a glória de Deus?”. Ofereceu a vida aos jovens que lhe haviam sido confiados pela Divina Providência.

         Com o belo testemunho destes nossos irmãos na fé, que possamos também refletir sobre a nossa vida. Qual tem sido nosso testemunho de cristãos na sociedade? No dia a dia também somos chamados ao martírio, talvez não a esse vermelho dos mártires da Espanha, mas um martírio branco, daquele desgastar-se dia a dia pela causa do Reino de Deus, testemunhar Jesus Cristo nos diversos ambientes em que estamos inseridos, ainda que nas adversidades. Que a exemplo e sob o impulso do testemunho dos mártires da Espanha, que hoje a Igreja e a Família Salesiana nos colocam como modelo, e ajudados pela Virgem Maria, possamos buscar cada dia mais uma maior vivência da nossa essência cristã.



Quem nos ajudou?!

Michel Dutra, SDB

Salesiano da Inspetoria Nossa Senhora Auxiliadora (São Paulo). Hoje vive em Lorena como pós-noviço (II ano).


Referências:  http://www.sdb.org/
http://www.infoans.org/
http://vatican.va
         COVOLO, Enrico Dal; MOCCI, Giorgio. Santos na Família Salesiana. São Paulo: Editora Salesiana, 2008.

ALBERDI, Ramón. Los Mártires Salesianos de Valencia y Barcelona (1936-1938). Madrid: Editora CCS, 2001.