A atenção
Estava eu a
refletir sobre qual aspecto partilhar da vida de Dom Bosco, meu bom Pai. E me
deparei com a situação de que quase sempre, quando queremos fazer menção a uma
qualidade de uma pessoa que nos desperta sinais marcantes, começamos a
expressar com um típico “... me chama atenção...” e daí desenvolve o desenrolar
da história. Diante do pedido que me foi feito em partilhar sobre uma virtude
de Dom Bosco pensei: porque não falar da própria atenção? Elemento esse tão
presente na pessoa de Dom Bosco e tão preciso e necessário em nossos dias.
Não precisa
estudar profundamente para comprovar que a educação que João Bosco recebeu no
seio familiar, era nutrida de valores. Marcados por coisas básicas, do
cotidiano rural e pobre, e ausente da figura paterna, ao mesmo tempo sua mãe
Margarida assumia o papel de ser sua mestra e orientadora, que fazia questão de
frisar pequenos conselhos, que visavam instruir para a vida. E hoje,
comprovamos a sua eficácia e como ficaram impressos naquele pequeno coração.
Com o passar dos
tempos, as sementes foram se consolidando e os sonhos tornaram realidade. O
padre João Bosco (descreve alguns autores) destacava-se por sua cordialidade
com todos. Sejam eles pobres ou ricos, simples ou sofisticados, barões ou
lavradores, todos eram recebidos com a mesma cordialidade e respeito. E ao
trabalhar com a juventude, se preocupava com a saúde (de alma e corpo), com a
felicidade e o futuro de cada um. E a resposta disso, era os meninos que
constantemente acorriam ao seu encontro, como ponto referencial de um pai e
orientador.
Na sua audaciosa
missão, estava sempre disposto a ter uma palavra fraterna para aquele jovem que
considerava ser seu amigo individualmente, mesmo se isso tivesse que lhe custar
horas debruçado sobre papel e tinteiro madrugada a fora, não importando a
distancia quilométrica que seu escrito iria passar. Numa época marcada por
revoluções e discriminações de todo gênero, não deixava de se fazer presente
para ajudar os que a ele recorriam, aconselhando e orientando, sejam eles
maltrapilhos das ruas de Turim, ou meninas (que representavam na época ameaça
ao seu estado eclesiástico).
Nos dias de hoje,
nos trabalhos que desenvolvemos, essa “atenção” torna-se não somente
necessária, mas sinal apostólico de salvação. Porque necessária? Num contexto
tão plural, em que a todo o momento somos bombardeados por avanços e inovações
da modernidade que por vezes favorecem as relações de superficialidade, podemos
ofuscar em nós essa tão cara dimensão da atenção. Virtude essa tão necessária
para conosco mesmos, com a realidade, e com o outro que esta ao nosso lado.
Pois talvez seja a única coisa que nós e o outro naquele momento precise... Ser
tratado como único e como destinatário da nossa atenção. Fazendo assim, não
seremos somente amantes de Dom Bosco, mas encarnaremos a missão do Salvador
sendo sua imagem.
E para terminar
essa conversa, finalizo como o nosso pai costumava dizer: “sempre amigos?” De
minha parte já o respondo: que o sejamos sempre!
Paulo Henrique, Salesiano.
Hoje pós-noviço em Recife, PE.
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