O P. Juan Edmundo Vecchi, VIII Sucessor de Dom Bosco, na Carta “Beatificação do coadjutor Artêmides Zatti: uma novidade empolgante” acolheu um testemunho do P. Jorge Mario Bergoglio SJ, hoje Papa Francisco, que pôde conhecer a intercessão do Beato. Repropomos a passagem da Carta do P. Vecchi (ACG 376).
Não será inútil ouvir de alguém que experimentou a eficaz intercessão de Artêmides Zatti exatamente a respeito da vocação do consagrado leigo, e teve a delicada atenção de nos referir a sua experiência. Trata-se de Sua Emcia. Dom Jorge Mário Cardeal Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires e Provincial dos Jesuítas aos tempos em que nos prestou o seguinte testemunho.
Transcrevo o texto da carta, enviada ao P. Caetano Bruno SDB e datada de
Buenos Aires, 18 de maio de 1986.
«Caríssimo P. Bruno: Pax Christi! Em sua carta de 24 de fevereiro, o senhor me pedia que tentasse escrever alguma coisa a respeito da sua experiência tida com o Sr. Zatti (do qual me tornei grande amigo), relativamente às vocações de Irmãos Coadjutores. […]
Estávamos com mui grande penúria de Confrades Coadjutores. Tomo como referência o ano de 1976, ano em que conheci a vida do Sr. Zatti. Nesse ano, o Irmão mais jovem tinha 35 anos, era enfermeiro, e morreria quatro anos mais tarde, vítima de um tumor cerebral. O que o seguia, em idade, tinha 46 anos; e o que vinha depois desse, 50. Os outros, todos idosos (continuando a trabalhar apesar dos mais de 80 anos). Este “quadro demográfico” dos Coirmãos Coadjutores na circunscrição argentina induzia muitos a pensar que se tratava de uma situação irreversível e que não apareceriam outras vocações. Alguns, até, se interrogavam sobre a “atualidade” da vocação do Confrade Coadjutor na Companhia, porque – levando em consideração os fatos – parecia que se haveriam de extinguir. Além disso, faziam-se esforços em vários lugares para delinear uma “imagem nova” do Irmão Coadjutor, para ver se – por esse caminho – se ofereceria um apelo mais forte sobre os jovens que quisessem seguir esse ideal.
Por outro lado, o Padre Geral, P. Pedro Arrupe SJ, insistia com força sobre a necessidade da vocação do Irmão Coadjutor para o inteiro corpo da Companhia. Chegou a dizer que a Companhia não seria a Companhia, sem os Coadjutores. Os esforços feitos pelo P. Arrupe nessa área foram ingentes. A crise era não era apenas de alguma Província, mas de toda a Companhia (relativamente às vocações de Coadjutores).
Em 1976, creio que pelo mês de setembro, aproximadamente, durante uma visita canônica aos missionários jesuítas do norte argentino, detive-me alguns dias no Arcebispado de Salta. Ali, entre uma conversa e outra de fim de refeição, Dom Pérez me racontou a vida do Sr. Zatti. Deu-me até o livro de sua vida. Chamou-me a atenção a sua figura tão completa de Coadjutor. Naquele momento senti que devia pedir a Deus, por intercessão daquele grande Coadjutor, que nos mandasse vocações de Coadjutores. Fiz novenas e pedi aos noviços que a fizessem. […]
Em Salta senti em várias ocasiões a inspiração de recomendar ao Senhor e à Senhora do Milagre, o aumento de vocações da Província (isto em geral, e não especificadamente de Coadjutores, coisa que fiz com o Sr. Zatti). Além disso fiz uma promessa: que os noviços iriam em peregrinação na festa do Senhor do Milagre, se alcançássemos o número de 35 noviços (e isto se realizou em setembro de 1979).
Volto ao pedido de vocações de Coadjutores. Em julho de 1977 entrou o primeiro Coadjutor jovem (atualmente com 32 anos). No dia 29 de outubro daquele mesmo ano entrou o segundo (atualmente com 33)».
A carta prossegue, apresentando ano por ano o elenco de outros 16 coadjutores que entraram de 1978 a 1986. E continua:
«Desde que começamos as orações ao Sr. Zatti, entraram 18 Irmãos jovens, que perseveram, e outros cinco que deixaram o noviciado ou o juniorato. Ao todo, 23 vocações.
Os noviços, os estudantes e os Coadjutores jovens fizeram várias vezes a Novena em honra do Sr. Zatti, pedindo vocações de Coadjutores. Eu mesmo a fiz. Estou convencido da sua intercessão para esse problema, porque, considerando o número, é um caso raro na Companhia. Em agradecimento, na 2ª e 3ª edição do Devocionário do Sagrado Coração, pusemos a Novena para pedir a Canonização do Sr. Zatti.
Um dado interessante é a qualidade dos que entraram e que perseveram. São jovens que querem ser Irmãos Coadjutores como os queria Santo Inácio, sem ilusões... Para nós a vocação do Confrade Coadjutor é muito importante. O P. Arrupe dizia que a Companhia, sem eles, não seria a Companhia. Eles têm um carisma especial que se alimenta na oração e no trabalho. E fazem bem a todo o corpo da Companhia. […] São piedosos, alegres, trabalhadores, saudáveis. Muito viris, são conscientes da vocação a que foram chamados. Sentem especial responsabilidade de rezar pelos jovens Estudantes jesuítas que se preparam ao sacerdócio. Neles não se vêem “complexos de inferioridade” pelo fato de não serem sacerdotes; nem lhes passa pela cabeça aspirar ao diaconato…, etc.; sabem qual seja a sua vocação: e assim a querem. Isto é salutar. Faz bem.
Esta foi, em linhas gerais, a história da minha relação com o Sr. Zatti a respeito do problema das vocações de Irmãos Coadjutores para a Companhia. Repito que estou convencido da sua intercessão, porque sei quanto temos rezado pondo-o como nosso advogado.
Nada mais por hoje. Seu afeiçoadíssimo em Nosso Senhor e em Sua Mãe Santíssima,
Jorge Mario Bergoglio SJ »
Um esplêndido estímulo também para nós a fim de interpormos a intercessão do nosso Artêmides Zatti em favor do aumento de boas e santas vocações de Salesianos Irmãos.
Artigo publicado em 14.mar.2013 no site ANS (Agência Info Salesiana).
<< http://infoans.org/1.asp?sez=1&sotSez=13&doc=8977&lingua=5 >>
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Dom Bosco e a Catequese ontem e hoje
Sabemos que nossa família salesiana
nasceu de uma catequese. Após o histórico encontro com o jovem Bartolomeu
Garelli na sacristia da Igreja de São Francisco de Assis, em Turim, Dom Bosco
lhe ministra uma catequese básica e inicial, prolongada não somente nos dias e anos
seguintes, mas em toda a vida do fundador e, podemos dizer, perpetuada na vida
da família salesiana. Formar o bons cristãos e honestos cidadãos, foi a meta de
toda sua vida no trabalho com a juventude. E, para formar o bom cristão, a catequese é um dos mais
eficazes meios.
Desde criança Dom Bosco mostrava
pendores e gosto pela catequese. Como jovem sacerdote, apenas saído do
seminário e com formação muito erudita, submetia seus sermões e catequeses à
Mamãe Margarida, para torna-los mais compreensíveis. Em suas catequeses usou
muito o gênero “parábolas” tão presente na pregação de Jesus. Inventou também o
gênero “sonhos”: muitos deles, particularmente aqueles chamados proféticos (dos nove anos, da expansão missionária da Congregação),
ele realmente os teve, e os considerava inspirados pela graça divina; outros,
porém eram criações catequéticas a fim de ilustrar melhor seus ensinamentos, e
com isso cativava a atenção e transmitia sua mensagem.
Hoje estamos muito acostumados com a
presença da Bíblia na catequese. No
tempo de Dom Bosco valorizava-se mais a História
Sagrada. Ele escreveu uma de grande sucesso editorial... hoje precisaria
ser reescrita, dado o avanço dos estudos bíblicos. Através de sua História Sagrada não somente seus
jovens, mas inúmeras gerações nos anos seguintes tiveram acesso fácil ao mundo
bíblico e aos principais momentos da História da Salvação. Se Dom Bosco hoje
vivesse, como ele valorizaria o uso direto das Sagradas Escrituras, como tanto
pede a Igreja! Conta-se que ele chegou a memorizar (em latim, como era costume)
livros inteiros da Bíblia, e citava continuamente versículos bíblicos.
Um outro elemento muito valorizado hoje
na catequese é o ambiente de comunidade
cristã que possibilita o autêntico crescimento da fé. Não basta ensinar a
doutrina, ou a rezar. É preciso viver a fé num ambiente comunitário que ajude as pessoas a viverem aquilo no qual creem. Esse espírito ou dimensão
comunitária da catequese é essencial para a boa e eficaz transmissão da fé.
Na América Latina como em outros lugares na Igreja é muito cultivado esse
espírito comunitário. São as célebres comunidades
eclesiais de base, ou pequenas
comunidades. Ora, sem forçar muito, podemos dizer que Dom Bosco já intuiu o
grande valor desse espírito comunitário,
que ele chamava também de “espírito de família”. Não chamou suas escolas,
oficinas e outras obras de colégios, nem
as comunidades salesianas de mosteiro,
ou convento, como era comum na época,
mas de casas. Essa evocação da casa e do lar não é outra coisa senão a vontade de transmitir o espírito de família ou dimensão comunitária. O oratório festivo, tal como Dom Bosco o
reformulou e propagou, é um verdadeiro ambiente cristão onde a educação da fé
acontece não só no encontro catequético e
na igreja, mas na mesma vida intensa de um autêntico oratório. Os oratórios são
verdadeiras comunidades eclesiais de base
para jovens!
Outro grande elemento cultivado por Dom
Bosco para educar seus meninos na verdadeira e profunda fé cristã foi a prática
sacramental, sobretudo a participação na Santa Eucaristia e na prática do
Sacramento da Reconciliação (confissão). Se de um lado as grandes devoções brancas (Eucaristia, devoção a Nossa
Senhora e amor ao Papa) foram o conteúdo de sua catequese, por outro ele foi
talvez o maior confessor de jovens de seu tempo. Essa dimensão
litúrgico-sacramental é uma das mais relevadas na catequese de hoje. A
tradicional catequese como preparação para recebe os sacramentos hoje se
transforma nos processos da incitação à vida
cristã. É a inspiração catecumenal ou
mistagógica da catequese que a Igreja
tanto recomenda hoje e que Dom Bosco facilmente assumiria.
Não podemos falar de Dom Bosco e a catequese sem fazer
referência às suas inúmeras publicações catequéticas, principalmente as Leituras Católicas, os Almanaques, o Boletim Salesiano. Em vida, Dom Bosco fundou editoras e inúmeras
escolas tipográficas através das quais publicava suas obras. Seus filhos, os
salesianos e outros membros da família salesiana, por todo o mundo continuam
esse esforço editorial, sobretudo na área da catequese. Universidades e Centros
Universitários Salesianos também oferecem hoje os melhores cursos na área da catequese. É o carisma catequético de Dom Bosco
que se prolonga no tempo, até hoje!
Pe. Luiz Alves de Lima, SDB; doutor em teologia pastoral catequética e
editor da Revista de Catequese do
UNISAL, campus Pio XI.
sábado, 31 de agosto de 2013
Um jovem modelo para todos!
Olá santificáveis!
É com grande alegria que
neste mês celebramos e festejamos como Família Salesiana, a memória de um jovem
que a nós deixou seu exemplo de santidade juvenil. Celebramos a memória de
Zeferino Namancurá. Um jovem Argentino da tribo dos índios Araucanos, que são um povo indígena da região centro-sul do Chile e do sudoeste da Argentina. São conhecidos também como Machupes, na língua mapudungun significa: “gente da terra”.
Bom, vamos à sua história... No dia 26 de
agosto de 1886, em Chimpay, cidade localizada às margens do rio Negro,
Argentina, nasceu Zeferino Namancurá. Seus pais se chamavam Rosario Burgos e Manuel Namancurá. O sobrenome Namuncurá, em mapudungun significa "Pé de pedra" (namun = pie, cura = piedra), ou seja: alguém firme,
decidido. E
foi esta a personalidade adotada pelo nosso “santo indiozinho”, que fora firme
na piedade e nos cumprimentos com os seus deveres, tal postura o fara
futuramente, ser conhecido e venerado por todo o seu povo... E pelo mundo!
O
pai de Zeferino – Manuel Namancurá, como já foi citad, foi um célebre líder que
lutou heroicamente numa batalha contra
o Exército Argentino. E era eleo cacique dos Araucanos!
Em
1888, Zeferino recebeu o sacramento do batismo por um missionário salesiano,
padre Domingo Milanesio. Que foi um grande defensor dos povos indígenas na
Argentina, e a quem Zeferino tinha grande afeição e referência. Alguns anos
mais tarde, seu pai, Manuel Namancurá foi proclamado coronel do exército
argentino, e aceitou que o filho fosse estudar na capital. Após uma breve
experiência numa escola estadual, Zeferino foi acolhido para o colégio salesiano
de Buenos Aires a 20 de Setembro de 1897.
O clima de família que respirava no colégio
salesiano fez com que Zeferino se encantasse por Dom Bosco! Logo despertou em
si o desejo de se entregar a este carisma, desejando ser um padre salesiano, para
assim evangelizar seu povo. Zeferino escolheu – assim
como eu - Domingos Sávio como modelo. Por tal devoção, procurava sempre imitá-lo!
Nos deveres de estudo, piedade e oração. Porém, também teve de enfrentar
algumas dificuldades diante da nova cultura que estava em sua volta, teve de se
esforçar muito para conseguir se “enquadrar” nela. Mas em tudo estava sempre
“sorrindo com olhos”, como diziam seus colegas. E de fato, Zeferino fez valer
sua devoção a Domingos Sávio. Pois a cada dia, foi sendo um verdadeiro exemplo
para aqueles que conviviam ao seu lado. Ora, Zeferino era perfeito no cumprimento
dos seus deveres. A antiga sabedoria herdada dos seus antepassados se
encontrou e se integrou com a sabedoria cristã, por ele percebida como o ápice,
o complemento daquela do seu povo.
Infelizmente... Nos princípios de 1902 a saúde de Zeferino começou a ficar cada vez mais frágil e através dos exames médicos que foram realizados percebeu-se que ele havia contraído tuberculose. Devido a isso, Monsenhor Juan Cagliero, decide transladá-lo a Viedma com a esperança de que o ar nativo o ajudasse a recuperar sua saúde. Assim, em 1903 no Colégio São Francisco de Sales, em Viedma, Zeferino iniciou seus estudos como aspirante salesiano! Nesse tempo era o padre Evasio Garrone e o Beato Artémides Zatti que cuidavam de Zeferino. Aos 19 de julho de 1904, Zeferino é levado para Turim (Itália), por Monsenhor Cagliero, onde os salesianos tiveram a esperança de que ali, Zeferino pudesse recuperar a sua saúde, podendo então continuar seus estudos rumo ao sacerdócio.
Em Turim, o Beato Miguel Rua (primeiro sucessor de Dom Bosco), conversava várias vezes por semana com Zeferino. Um dos grandes acontecimentos de sua vida aconteceu aos 27 de setembro de 1904: Zeferino visita o Papa Pio X, que o abençoou comovido! Junto a Monsenhor Cagliero, os padres José Vespignani e Evasio Garrone, além de outros salesianos.
Em março de 1905 (aos dezenove anos de idade), a tuberculose faz
estragos na saúde de Zeferino e a cruel enfermidade avançava cada vez mais! Sendo
internado no Hospital ‘Fate bene fratelli’ de Tiberina, em Roma. O médico que o
atendia era o Dr. José Lapponi, médico pessoal dos Papas Leão XIIIe Pio X.
Triste data. No dia 11 de maio desse
mesmo ano, Zeferino morre serenamente, acompanhado por Monsenhor Cagliero, a
quem disse suas últimas palavras: "Bendito
seja Deus e Maria Santíssima. Basta que eu possa salvar a minha, em todo o
demais faça-se a vontade de Deus".
A nós ficam alguns questionamentos... Sabemos que uma vida não se resume numa folha, porém, o pouco que passamos a conhecer de Zeferino e sua conduta, nos levam a refletir sobre como esta nossa postura nos dias de hoje. Zeferino foi um jovem que conheceu de perto realidade de seu povo e decide deixá-los, para assim, com muito estudo, piedade e alegria, pudesse tornar-se uma pessoa melhor para todos eles. Voltando com nada para si, mas, para os outros. E a nós? Conhecemos a realidade em nossa volta? E tendo conhecimento da mesma, como reagimos diante dela?
Que Maria nos auxilie em nossa peregrinação terrestre na busca humana da perfeição e da caridade mutua, e nos inspire a sermos imitadores daqueles que nos deixou o bom exemplo. Como nos deixou Zeferino Namancurá!
Que Maria nos auxilie em nossa peregrinação terrestre na busca humana da perfeição e da caridade mutua, e nos inspire a sermos imitadores daqueles que nos deixou o bom exemplo. Como nos deixou Zeferino Namancurá!
Ademilson Gonçalves
Aspirante salesiano - Inspetoria de São Paulo.
Referências:
- vatican.com: <<http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20071111_zefferino_po.html#top>>
- wikipedia.org: <<http://pt.wikipedia.org/wiki/Zeferino_Namuncur%C3%A1>>
-
DAL COVOLO, Enrico; MOCCI, Giorgio. Santos na Família Salesiana. Trad. Hilário Moser, SDB. São Paulo: Salesiana, 2008.
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
O processo de decisão vocacional de Dom Bosco
O jovem João Bosco tinha 19 anos quando concluiu os
seus estudos na escola pública de Chieri. Era normal que ele, neste momento,
assim como os outros jovens que se situavam nesta etapa da vida, tomasse uma
decisão sobre a própria vocação. No caso de João, não se tratava de uma
reflexão nova: este questionamento já fazia parte dos seus pensamentos desde
quando era criança, mais exatamente depois de ter o seu primeiro sonho
vocacional, entre 9 e 10 anos de idade.
A partir daí, mesmo sendo tão pequeno, João buscou
colocar em prática a missão que presumia ter, de levar a Palavra de Deus aos
outros jovens, de acordo com as possibilidades de sua idade e de seu estado. É
neste momento que ele começa o seu apostolado, reunindo os seus amigos e
vizinhos para diverti-los com leituras com histórias dos clássicos da
literatura e, principalmente para rezar e repetir a homilia que havia escutado
na igreja pela manhã. Pelas suas habilidades, alegria e memória prodigiosa era
muito amado e procurado por todos. Sua amizade era querida pelos jovens de seu
povoado. Levará para a sua adolescência e juventude o propósito de ajudar os
seus amigos a estarem mais próximos de Deus.
Alguns anos depois, um encontro irá entusiasmá-lo
ainda mais no seu caminho de resposta vocacional. João tinha ido para
Buttigliera, onde estavam acontecendo as missões populares, para ouvir as pregações
dos missionários. No caminho de volta, conheceu o Pe. João Calosso, capelão de Murialdo.
Este padre sábio e experimentado na vida impressionou-se com a inteligência de
João, e passou a acompanhá-lo bem de perto, como seu professor particular e
guia espiritual.
A morte repentina de
Dom Calosso, pouco tempo depois deste encontro, causou uma grande
desestabilização na vida de João Bosco. Junto com o grande amigo e diretor
espiritual foram embora também as possibilidades que possuía de seguir o
caminho de formação para o sacerdócio.
As dificuldades se tornavam maiores no decorrer do
caminho de João Bosco, especialmente no campo familiar e econômico. Junto com a
incerteza de se possuir os dons necessários para abraçar a vocação sacerdotal, faz
brotar uma angústia muito grande em seu jovem coração.
Entretanto, com muita fé e dedicação, superando muitas
dificuldades, João Bosco entra no seminário diocesano de Chieri, sendo ordenado
padre no dia 5 de junho de 1841. Em 3 de novembro, ingressou no Colégio
Eclesiástico para prosseguir com a sua formação sacerdotal. É neste tempo que o
recém-ordenado João Bosco vai ter contato com a duríssima realidade dos jovens
de Turim. Junto com o Pe. José Cafasso, seu professor e diretor espiritual,
visitou os cárceres, onde pôde constatar como é grande a malícia e a miséria
dos homens.
Chegando ao fim o seu tempo de estudos no Colégio
Eclesiástico, foi questionado pelo Pe. Cafasso, sobre o que seu coração se sentia
inclinado a fazer a partir daquele momento. Dom Bosco constatou: “parece que me encontro em meio a uma multidão de meninos que me pedem
ajuda”. Enfim, havia encontrado a sua vocação, para a qual iria dedicar
toda a sua vida.
Tendo como base a
experiência de vida de Dom Bosco, podemos concluir três intuições importantes:
A importância da família: sabemos que o
pequeno João Bosco teve uma experiência familiar bastante conturbada,
especialmente pela morte prematura de seu pai, pela crise econômica e pela incompreensão
de seu meio-irmão Antônio. No entanto, a presença de sua mãe, Margarida, foi extraordinária.
Soube conciliar os papeis de mãe e de pai, além de se responsabilizar por uma família
com duas crianças e uma senhora idosa, sua sogra. O enteado, amado e
considerado como filho por Margarida, nem sempre soube cooperar adequadamente e
não poucas vezes criou situações muito difíceis, que Margarida precisou
administrar. Com a sua fé profunda e pautada no cotidiano, soube imprimir em
Dom Bosco a crença de um Deus amigo e que oferece tudo aquilo que ele
necessita. A sua maneira de educar também deixou uma herança importante a Dom
Bosco: é dela que ele aprenderá o seu estilo de educar e evangelizar os seus
jovens.
O trabalho apostólico como uma
forma de discernir a vontade de Deus: desde muito cedo
João Bosco cultivou o principio de ser muito concreto em suas iniciativas, não
esperando um tempo propicio que poderá chegar, mas buscando ser a diferença nas
pessoas aqui e agora. Foi assim no início do seu ministério sacerdotal, quando
quis dar uma resposta pronta aos jovens que padeciam nas ruas e nos cárceres de
Turim, e foi assim quando criança, logo após o sonho dos nove anos, oferecendo
aos seus amigos e vizinhos um espaço de entretenimento e de encontro com Deus.
Este trabalho continua mesmo quando se muda para a casa dos Moglia e quando
estuda em Castelnuovo, e se transformará na Sociedade da Alegria quando estudar
em Chieri. Esta experiência apostólica – e o amadurecimento que ela
proporcionou – foram muito importantes para Joao Bosco entender qual a missa
que Deus havia lhe reservado.
A presença amiga: em vários momentos de sua adolescência e juventude, Joao Bosco irá
lamentar a falta de proximidade dos sacerdotes de sua época. Irá expressar em
suas Memórias o quanto ele gostaria de ter a amizade destes padres, para que
pudesse partilhar sua vida espiritual e aprender com eles. Esta expectativa ele
irá sanar de forma particular com o Pe. Joao Calosso, alguém que irá marcar
profundamente a sua vida e que irá lhe oferecer a esperança e as condições de
realizar o que Joao sente ser o chamado de Deus. Com a morte de Calosso, João
Bosco irá encontrar outros sacerdotes muito bons e generosos, especialmente
entre seus professores. Mas só irá manter uma identificação total com um amigo
da alma no seminário, com o Pe. José Cafasso.
Dom Bosco foi feliz em sua vida, porque tendo encontrado a sua vocação, empregou
todas as suas energias em respondê-la. Uma vez que havia entendido que Deus lhe
pedia para ser um pai e um amigo para os jovens, “não deu passo, não pronunciou
palavra, não pôs mão em nenhum empreendimento que não visasse a salvação da
juventude”. E assim viveu a sua santidade, colocando Jesus Cristo no centro da
sua vida e dando o seu melhor para cumprir a missão que recebeu. Ajudou também
a muitos outros jovens a seguirem o seu exemplo, orientando muitos para
responder à sua vocação, especialmente os de seu oratório que mais tarde se
tornariam padres, pais de família, religiosos... E você, já sabe o que Deus
quer para a sua vida?
Padre Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
Delegado para a Pastoral Juvenil e Vocacional da Inspetoria Salesiana de São Paulo
Delegado para a Pastoral Juvenil e Vocacional da Inspetoria Salesiana de São Paulo
sexta-feira, 24 de maio de 2013
PRESENÇA DE MARIA NA VIDA DE SÃO JOÃO BOSCO
“Saibam
que Ela se encontra aqui em nosso meio”
(São
João Bosco)
Querido leitor,
Hoje celebramos como Família Salesiana, a Solenidade
da Padroeira Principal, N. S. Auxiliadora. Gostaria de destacar, em breves palavras,
a importância da presença de Maria na vida de São João Bosco.
Inicialmente, podemos dizer que o termo “presença” é
utilizado na cultura contemporânea, como categoria hermenêutica em diversos
campos. Podemos considerar a “presença” de três modos: “estar diante”; “mera
presença” enquanto ser (metafísica e intencional) e “recíproca relação interior
de comunhão” (perspectiva personalista). O último modo, hoje, tem sido usado
pela Teologia. No âmbito filosófico é impossível pensar uma experiência de mundo
e o próprio conhecimento humano sem a noção de “presença”. Filosoficamente,
pode-se dizer que o ser manifesta-se ao homem com a sua própria presença. O
homem se encontra, imediatamente, na presença das coisas.
Um caráter importante da mística religiosa consiste
no sentido da presença de Deus, que alarga os horizontes, dentro dos pequenos
interesses humanos, conferindo à vida, uma seriedade definitiva. O que faz o
místico? Imagina e coloca em prática, métodos que possibilitem adquirir um
sentimento da presença de Deus tão intenso, que se torna maior do que a
manifestação dos sentidos físicos. Aqui está o contra-senso do misticismo.
Na Bíblia, tanto no Antigo e Novo Testamento, a
“presença” divina caracteriza a aliança de Deus com o povo. A “presença” de
Deus no homem Jesus de Nazaré é a novidade mais significativa da revelação e,
também, a essência da mensagem cristã. Na liturgia, o tema da “presença” não é
setorial ou isolado, mais importante, quando se fala de “multiforme presença”,
ou seja, real e pneumática, caráter este, que encontra o seu sentido por
antonomásia na Eucaristia.
Logo, “presença” no sentido pleno do termo em
teologia, não é uma simples presença local, mas, um dirigir-se em direção ao
outro para ajudá-lo, curá-lo, guardá-lo.
O Beato João Paulo II na Encíclica Redemptoris Mater utiliza-se da
“presença” para falar da Virgem Maria no mistério de Cristo e da Igreja,
tendo-a como “presença” ativa e exemplar.
Daqui é possível destacar, a “presença” de Maria em
toda a extensão do mistério da salvação. Ela é “presença” singular no eterno
plano da salvação. É “presença” misteriosa e profética no tempo das promessas.
É “presença” discreta e profunda no mistério de Cristo e é “presença” ativa e
exemplar na vida e na história da Igreja peregrina. Uma “presença” que nos
conduz ao cumprimento escatológico da Igreja.
A “presença” de Maria torna-se chave hermenêutica
como categoria relacional, porque nos envia a “presença” de Deus no cosmo, de
Cristo na Eucaristia, do Espírito Santo pelo qual se deve a transformação
escatológica dos corpos e, por último, a Igreja e aos singulares fiéis com
objetivo de comunicação e de encontro com o sagrado e divino.
Partindo da preciosa analogia do Cristo ressuscitado
e os corpos ressuscitados, segundo a nossa fé, percebemos em Maria, uma
“presença” pneumática, glorificada, incorruptível e espiritual, olhando os
dados da Assunção. Assim sendo, Maria desponta como sinal de esperança e
consolo para nós peregrinos que ainda caminhamos, porém, certos de sua materna “presença”
em nosso meio, para alcançarmos a meta que é a santificação (Cf. LG 68). A
teologia da Assunção nos dá a compreensão da possibilidade de uma “presença” de
Maria em nossa história, já que Ela foi redimida, em vista dos méritos de Nosso
Senhor Jesus Cristo.
Por isso, quero recordar um evento importante que
marca a teologia da presença na vida de São João Bosco: as últimas palavras
repetidas por ele com insistência na última visita as Filhas de Maria
Auxiliadora em Nizza Monferrato (22 de junho 1887). São palavras que traduzem
uma experiência mística que a teologia de hoje pode compreender melhor à luz do
corpo glorificado de Maria: “Se pudesse falar, quantas coisas tinha a vos dizer...
Quero dizer somente que Nossa Senhora vos quer muito, muito bem. Saibam que Ela
se encontra aqui em nosso meio... Quero dizer que Maria está verdadeiramente
aqui em nosso meio. Nossa Senhora passeia nesta casa e a cobre com o seu manto”
(São João Bosco).
Nesta solenidade de Maria Auxiliadora, peçamos a
graça da compreensão daquelas palavras, daquela experiência mística de nosso
Pai Dom Bosco. Nossas constituições atestam: “Cremos que Maria está presente
entre nós e continua a sua missão de Mãe da Igreja e Auxiliadora dos Cristãos”
(Const. 8). Peçamos o seu auxílio em nossas necessidades, em nossas lutas, em
nossas provações, mas, sobretudo, reafirmemos a nossa confiança, que Ela se faz
presente em nossa vida hoje e continua sua missão maravilhosa de mãe, mestra,
educadora e primeira cristã.
Pe. Fábio José de Farias, SDB
Diretor do Pós-Noviciado
Inspetoria Salesiana do Nordeste do Brasil
sábado, 18 de maio de 2013
São Leonardo Murialdo
Leonardo Murialdo nasce em Turim no ano de 1828, oitavo filho de uma família rica. Órfão de pai com apenas quatro anos, recebe, contudo uma ótima educação cristã no colégio dos Escolápios de Savona. A perda do pai em tenra idade levou Leonardo também a ser pai e guia dos jovens que o Senhor lhe quis confiar. Na juventude, atravessa uma profunda crise espiritual que o levará à conversão e à descoberta da vocação sacerdotal. Ele inicia em Turim os estudos filosóficos e teológicos. Começa a trabalhar, nesses anos, no oratório do Anjo da Guarda, dirigido pelo primo, o teólogo Roberto Murialdo. Graças a essa colaboração toca com as mãos as problemáticas da juventude de Turim: meninos de rua, encarcerados, limpadores de chaminés, serventes de bar.
Em 1851 é ordenado sacerdote. Começa a trabalhar em estreito contato também com o Padre Cafasso e com Dom Bosco, e deste último aceita a direção do Oratório São Luís. Leonardo respira o sistema preventivo, encarna-o e aplica-o em todas as suas futuras obras educativas. Em 1866 aceita a direção do Colégio Pequenos Artesãos de Turim, dedicado à acolhida, à formação humana, cristã e profissional de jovens pobres e abandonados. Faz inúmeras viagens pela Itália, França e Inglaterra para visitar instituições educativas e assistenciais, para aprender, confrontar e melhorar o próprio sistema educativo. Figura entre os promotores das primeiras bibliotecas populares católicas e da União dos Operários Católicos, de que, por longos anos, realizará a tarefa de assistente eclesiástico.
Em 1873, com o apoio de alguns colaboradores, funda a Congregação
de São José (Josefinos de Murialdo). Sua finalidade apostólica é a educação da
juventude, especialmente pobre e abandonada. Leonardo abre oratórios, escolas
profissionais, casas-família para jovens trabalhadores e colônias agrícolas,
aprofunda o seu trabalho nas associações leigas, especialmente no campo da
formação profissional dos jovens e da boa estampa. Seu lema: Fazer e calar. Foi
homem de espírito e de oração, contemplativo na ação como Dom Bosco. Por volta
de 1884 foi atingido por diversos ataques de broncopneumonia: Dom Bosco foi
dar-lhe uma bênção e, apesar das provações e perturbações, viveu ainda até
1900. O Papa Paulo VI proclamou-o Beato em 1963 e santo em 3 de maio de 1970. A
sua vida, o seu etilo e a sua ação colocam-no ao lado do seu amigo e modelo São
João Bosco.
Fonte: www.sdb.org
Texto organizado por
Teylor Balboeno de Carli, SDB
Pós-noviço, Inspetoria Salesiana São Pio X
segunda-feira, 13 de maio de 2013
“Se queres tornar-te santa, faze-o logo, não há tempo a perder”
Foi em Mornese, situada no norte da
Itália, na região de Monferrato, que no dia 9 de maio de 1837, nasceu Maria
Domingas Mazzarello, filha de José Mazzarello e de Maria Madalena Calcagno. Foi
a primeira de 10 filhos. Cresceu em uma
família imersa numa rede de relações positivas, tecidas num ambiente familiar
rico de amor humano, fé, diálogo sincero e respeitoso. Descobriu através da
experiência cotidiana o elemento religioso como parte integrante da vida
individual e coletiva, assim foi adquirindo confiança em si mesma. Por ser a
mais velha de nove irmãos, sempre colaborou na educação e cuidado da casa. Logo
aprendeu com a sua mãe os mais bonitos gestos de feminilidade.
Com o passar do tempo as virtudes
cristãs iam crescendo no coração da pequena “Maín”, assim era conhecida pelos
seus familiares e amigos. Desde sua infância, ela possuía uma sensibilidade
concreta e inteligente em relação a Deus. Revela isso a sua conhecida pergunta,
feita ao pai: “O que é que Deus fazia, antes de criar o mundo?”. E o pai lhe
respondeu: “Conhecia a si mesmo, amava a si mesmo e era feliz em si mesmo”. Maín
sempre foi uma menina extrovertida, alegre, comunicativa, brincalhona e procurava
estar de bem com todos.
Desde cedo ajudava seu pai no
trabalho dos vinhedos. Notava-se nela forte caráter, espírito de liderança e a
capacidade de ter pessoas sempre ao seu redor. Em 1850 fez a primeira comunhão.
Para Maín, a paróquia foi lugar de formação e de crescimento pessoal e
apostólico. A partir de 1853, passou a frequentar a Pia União da Imaculada,
organizada por sua amiga Ângela Maccagno, juntamente com outras jovens da
comunidade. Tinha a finalidade de consagrar sua vida a Deus, cultivando a
modéstia, a amabilidade e a paciência.
Na sua vida resplandeceu com clareza
e dinamismo a fidelidade à vocação batismal, fecundada pela ação do Espírito
Santo. Isso não significa que sua caminhada tenha sido isenta de paradas,
cansaços, dúvidas e medos.
Em 1860, o tifo abateu a região de
Mornese. A família de seu tio foi uma das primeiras a contrair a doença. A
convite de Pe. Pestarino, Maria vai ajudá-los mesmo sabendo que poderia adoecer,
o que realmente aconteceu. Mazzarello vê o rumo de sua vida mudar quando
contrai o tifo. Para Maria Mazzarello, foi um recomeço, numa estrada nova, não
uma simples mudança de atividade (costuma-se dizer: antes era uma camponesa
robusta, depois de ter ficado doente, passou a ser costureira). Foi realmente
uma tomada de consciência na qual “algo” fecundo amadureceu. As provações e as dificuldades,
de modo especial a doença do tifo, conduziram-na a aceitar das mãos de Jesus e
Maria uma nova entrega de vida, a que nasce do ser e estar em Deus, totalmente
entregue em suas mãos. É essa experiência da purificação, através da
participação livre e consciente no Mistério Pascal de Jesus, que a ajuda a
atingir a vida plena, segundo o Espírito Santo. A vida de Maria, portanto, foi
fecundada pelo Espírito e progressivamente transformada. E foi justamente o
realismo e a concretude de tal caminhada que a fez tão santa e tão humana.
Certa vez, ao caminhar pela colina
de Borgo Alto, vê diante de si um alto edifício com muitas meninas correndo,
brincando num grande pátio interno e ouve nitidamente estas palavras: “A ti as
confio!” Não podendo mais trabalhar no campo, decide aprender a costurar para
ensinar as jovens da sua pequena cidade uma profissão, mas, sobretudo a amar o
Senhor. Com a amiga Petronilla, aprende a costurar e logo abre uma sala de
costura para ensinar o ofício para as meninas pobres. Dizia sempre às meninas:
“Cada ponto seja um ato de amor a Deus”. Logo, as famílias começaram a
mandar-lhe as filhas e as aulas de costura tornaram-se aulas de treinamento na
virtude. A oficina passou a ser um novo
lar para as várias meninas, que viam em Maria sua segunda mãe. Com o passar do
tempo, todos os domingos, após a missa, na praça da igreja, outras crianças se
uniam a Maria e a Petronilla, para brincar e se divertir.
Em 1864, Dom Bosco chegou a Mornese
com seus meninos e todos queriam vê-lo e ouvi-lo. Antes de partir, Dom Bosco
falou com as Filhas de Maria Imaculada e ficou conhecendo a iniciativa de Maria
e Petronilla: a oficina de costura, o orfanato e a recreação aos domingos para
todas as crianças da vila. Durante esta visita Maria Mazzarello reconheceu a
santidade de Dom Bosco e afirmou: “Dom Bosco é um santo, eu o sinto”.
Os anos passaram e no dia 05 de agosto de
1872, Dom Bosco funda o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Ir. Maria
Mazzarello com mais 10 irmãs fazem sua entrega ao Senhor. Como Filha de Maria
Auxiliadora foi logo eleita a primeira Superiora. Exerceu tal serviço com
simplicidade e equilíbrio sendo sempre uma irmã entre as irmãs. Madre Mazzarello
escrevia cartas para cada uma das Irmãs, e fazia chegar até elas o seu carinho
materno e particular.
Maria Mazzarello, fez da sabedoria a sua
“forma de vida”, ela abriu espaço para esse dom que fez dela uma mulher sábia e
prudente, mãe e educadora da primeira comunidade de Mornese.
Mulher que é atual na verdade de seu ser, na sua abertura ao Espírito,
na sua resposta corajosa e sábia às iniciativas divinas. Guardava em si a
sabedoria da atenção, do acolhimento, da prova de confiança que gera confiança e
transparência do ser desvendado com coragem da fraqueza e da verdade que
liberta.
A sabedoria de Madre Mazzarello se
alimenta da Eucaristia. Em Mornese tudo
atesta isso: a janelinha da Valponasca, a igreja paroquial, a capela do
colégio, os vinhedos, os campos: tudo tem sabor de Eucaristia. Madre Mazzarello
também viveu sempre na presença de Nossa Senhora e sob sua sábia direção, e foi
na escola de Maria que Mazzarello crescia em santidade e sabedoria, numa
familiaridade simples, e em filial confiança em Nossa Senhora .Olhando a vida
de Mazzarello é fácil encontrar nela essas características da sabedoria
feminina. Ela soube realizar aquilo que ensina às suas filhas: Ser verdadeiras
imagens de Maria.
Madre Mazzarello faleceu no dia 14
de maio de 1881. Teve uma vida breve, 44 anos, mas foi uma chama de amor
contagiante. Suas filhas continuaram alimentando esse trabalho em todos os
continentes, fiéis aos ideais de Dom Bosco e de Madre Mazzarello. Seu
itinerário de luz e sombras como de todo ser humano, chega ao ápice da
santidade reconhecida pela Igreja, mediante sua canonização no dia 24 de junho
de 1951, pelo Papa Pio XII.
Santa Maria Domingas Mazzarello, ROGAI POR NÓS!
Fontes bibliográficas:
Contigo,
Main, Pelos caminhos da vida. Subsídio projeto Mornese
(Monica
Menegusi e Piera Ruffinatto - FMA)
Nas
pegadas de Madre Mazzarello mulher sábia
(Anita
Deleidi e Maria Ko – FMA)
Etiene de Lima Oliveira
Noviças, FMA – Residentes em São Paulo.
(Pertencentes à
Inspetoria Maria Auxiliadora – Nordeste)
segunda-feira, 6 de maio de 2013
São Domingos Sávio
Então, quem foi este santo salesiano? Modelo da Santidade Juvenil Salesiana.
Domingos nasceu no dia 2 de abril de 1842 em Giovanni di Riva, próximo a Chieri, pertencente à província de Turim, Itália. Membro de uma família pobre em bens materiais, haja vista seu pai, Carlos Sávio, exercer a função de ferreiro e, sua mãe, Brígida ser costureira, além dos afazeres domésticos, contudo rica em fé, alegria e harmonia.
Desde muito cedo, encantava a todos com sua maturidade humana e cristã, demonstrada por inúmeros fatos, entre eles: aguardava o padre fora da igreja para auxiliá-lo na missa, mesmo nos dias mais frios e nevados.
Foi admitido à primeira comunhão com 7 (sete) anos de idade, havendo traçado um projeto de vida, resumido em quatro pontos: “Farei a confissão muitas vezes e comungarei sempre que o confessor permitir. Quero santificar os domingos e dias santos. Meus amigos serão Jesus e Maria. Antes morrer que pecar”.
Quando contava com 12 (doze) anos de idade, ocorreu o seu encontro com Dom Bosco, o qual mudaria sua vida, uma vez que lhe pediu para que o aceitasse no Oratório de Valdocco, a fim de continuar seus estudos e vir a ser padre. Segue trecho do diálogo entre eles:
“Então, que lhe parece? Leva-me para Turim, para eu poder estudar?
- Parece-me que o tecido é bom.
- E para que pode servir este tecido?
- Para fazer um belo terno para oferecer ao Senhor.
- Por conseguinte, se eu sou o tecido, seja Vossa Reverendíssima o alfaiate; leve-me consigo e faça um belo terno para Nosso Senhor.”
Após ser acolhido no Oratório, pediu a Dom Bosco que o ajudasse a ser santo. Tal decisão ocorreu após uma pregação, na qual o pregador afirmou três pontos: “é vontade de Deus que nos santifiquemos; é muito fácil conseguir este intento; terá um grande prêmio no céu quem conseguir tornar-se santo”.
Dentre as inúmeras virtudes de nosso Santo, temos: a alegria, humildade, serenidade, empenho no cumprimento de seus deveres de estudantes e servir aos outros, zelo para com os doentes, pacificador dos conflitos,...
Determinado no alcance de seu projeto de santidade, Domingos Sávio tinha uma intensa participação nos sacramentos (confissão e eucaristia) e uma forte devoção a Maria Santíssima.
Assim, no dia 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX proclamou o dogma da Imaculada Conceição, que o fez se consagrar a Nossa Senhora, não deixando passar qualquer oportunidade para homenageá-la.
Em 1856, com um grupo de colegas oratorianos, entre eles, Miguel Rua (primeiro sucessor de Dom Bosco), organizou uma companhia, que foi denominada Companhia da Imaculada Conceição, que tinha com objetivo principal atrair sobre os sócios a proteção de Maria Mãe de Deus, durante todas suas vidas até suas mortes.
Vejamos algumas observações de Mamãe Margarida a Dom Bosco acerca de nosso Domingos: “Você tem muitos meninos bons, mas ninguém supera o belo coração e a bela alma de Domingos Sávio. Eu sempre o vejo rezar. Fica na igreja mesmo depois dos outros. Todo dia ele deixa um pouco o recreio para fazer uma visita ao Santíssimo Sacramento. Na igreja se comporta como um anjo no paraíso.”
Enfim, no dia 9 (nove) de março de 1857, com apenas 15 (quinze) anos incompletos, o nosso bom Domingos Sávio voltou à casa do Pai, acometido de uma tosse gravíssima. Morreu entre os seus familiares.
Dom Bosco escreveu sua biografia, que sempre o fazia chorar, quando a relia.
Seus restos mortais se encontram na Basílica dedicada a Nossa Senhora Auxiliadora em Turim.
Sua beatificação ocorreu no dia 5 (cinco) de março de 1950 e sua canonização no dia 12 (doze) de junho de 1954, pelo então Papa Pio XI, sendo sua festa litúrgica comemorada no dia de hoje, 6 (seis) de maio.
É considerado padroeiro das mulheres gestantes.
A única Basílica dedicada a São Domingos Sávio se encontra na cidade de Lecce, no sul da Itália, administrada pelos salesianos de Dom Bosco.
A vida de São Domingos Sávio adquiriu maior sucesso e importância na história da Família Salesiana e da Igreja, pela qualidade moral e espiritual de nosso jovem santo, como também pela dinâmica entre ele e a condução de seu grande mestre, Dom Bosco.
Fontes bibliográficas:
DAL COVOLO, Enrico; MOCCI, Giorgio; traduzido por Dom Hilário Moser (SDB). Santos na Família Salesiana. São Paulo: Editora Salesiana. 2007. P. 18/19.
BOSCO, João; traduzido por Basílio Gonçalves. Dom Bosco: Vidas de Jovens. Brasília: Editora Dom Bosco. 1ª ed. 2013.
José Lopes Lima Júnior
Pós-noviço salesiano de Dom Bosco (1º ano)
domingo, 24 de março de 2013
O PAPA, DOM BOSCO E OS SALESIANOS
D. Hilário Moser, SDB
Bispo Emérito de Tubarão/SC
Dom Bosco amava o
Papa como representante de Jesus Bom Pastor que congrega em seu redor e preside
a Santa Igreja. O Santíssimo Sacramento, Maria Auxiliadora e o Papa eram as
três “devoções” que Dom Bosco inculcava na mente e no coração dos seus jovens,
dos Salesianos e de toda a Família Salesiana. Para o Papa e para toda a Igreja
eram tempos difíceis aqueles de Dom Bosco, mas ele jamais arredou o pé em se
tratando da Igreja e do seu Supremo Pastor. Com seus jovens estrategicamente
dispostos no pátio, chegou a escrever a frase: Viva o Papa!
Os tempos de hoje
não são menos difíceis para a Igreja e para o Papa. Mas é o Espírito Santo que
controla as “cordinhas” que governam a Igreja e iluminam o Santo Padre. No
barco da Igreja está Jesus como timoneiro, embora, às vezes, pareça dormir.
Nós somos
testemunhas históricas da renúncia do Papa Bento XVI, renúncia que sacudiu a
Igreja, fazendo-a acordar para um compromisso mais sério e profundo em anunciar
e viver o Evangelho. E alguém duvidaria que a eleição do Papa Francisco não foi
obra do Espírito Santo? Simplicidade, humildade, pobreza, proximidade...
bastaram alguns dias para que a Igreja e o mundo arregalassem os olhos e se
dessem conta de que uma primavera eclesial está para florescer.
Nós, Salesianos e
Família Salesiana, temos a responsabilidade de infundir no coração dos jovens
que educamos o mesmo amor de Dom Bosco ao Santo Padre, seja ele quem for. Não
se trata de ter ou não simpatia por este ou por aquele Papa; trata-se de um
gesto de fé que reconhece no Papa o representante visível de Jesus, Bom Pastor
da Igreja.
O Pe. Pascual
Chávez, nosso Reitor Mor, no dia 19 de março, por ocasião do início do
ministério do Papa Francisco, entregou-lhe uma mensagem, junto com uma imagem
de Maria Auxiliadora, renovando ao Sumo Pontífice o amor e a fidelidade de
todos nós. Permito-me citar aqui alguns tópicos da mensagem.
“Neste momento,
como cristãos e religiosos salesianos, ao mesmo tempo em que expressamos nossa
alegria pela sua eleição, renovamos a nossa fidelidade e asseguramos o nosso
respeito filial herdado de Dom Bosco. Frequentemente, ele se exprimira com
frases carregadas de afeto e de fé para com o Sucessor de Pedro”.
Depois de
recordar os laços amigos que unem o Papa Francisco aos Salesianos na Argentina,
o Reitor Mor afirma: “Desde o momento da sua eleição e da sua apresentação,
ficamos fascinados pelo nome assumido como Sumo Pontífice, que exprime muito
bem alguns traços da sua pessoa e anuncia um programa de renovação da Igreja,
reconduzindo-a à sua verdadeira identidade, por meio da simplicidade, da
austeridade e mantendo o olhar fixo no Senhor Jesus”.
Por fim, o Reitor
Mor diz: “Santidade, acolhemos e fazemos nossos seus votos de termos ‘a
coragem, precisamente a coragem, de caminhar na presença do Senhor, com a Cruz
do Senhor; de edificar a Igreja sobre o sangue do Senhor, que foi derramado na
Cruz: e de confessar a única glória: Cristo Crucificado. E assim a Igreja irá
para frente”.
E conclui: “Na
fidelidade à Igreja e ao nosso Fundador Dom Bosco, acolhemos este seu convite,
Santidade, e prometemos tê-lo sempre presente na nossa vida pessoal, nas nossas
opções pastorais e nos nossos programas apostólicos”.
O Reitor Mor
termina a mensagem prometendo ao Santo Padre a oração de todos os Salesianos
e... convidando – isso mesmo! convidando o Papa Francisco a estar em Turim, na
basílica de Maria Auxiliadora, no dia 24 de maio de 2015, ano bicentenário do
nascimento de Dom Bosco.
“Com Papa, pelo
Papa, sempre amando o Papa”, dizia Dom Bosco. As palavras do nosso santo Pai
são para nós uma “bandeira” a ser erguida sem falsos medos no meio dos nossos
jovens e do povo que atendemos. Em particular, é com nossa vida que devemos
escrever “Viva o Papa!”, como Dom Bosco escreveu nos pátios do Oratório de
Valdocco em Turim.
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