
A partir daí, mesmo sendo tão pequeno, João buscou
colocar em prática a missão que presumia ter, de levar a Palavra de Deus aos
outros jovens, de acordo com as possibilidades de sua idade e de seu estado. É
neste momento que ele começa o seu apostolado, reunindo os seus amigos e
vizinhos para diverti-los com leituras com histórias dos clássicos da
literatura e, principalmente para rezar e repetir a homilia que havia escutado
na igreja pela manhã. Pelas suas habilidades, alegria e memória prodigiosa era
muito amado e procurado por todos. Sua amizade era querida pelos jovens de seu
povoado. Levará para a sua adolescência e juventude o propósito de ajudar os
seus amigos a estarem mais próximos de Deus.
Alguns anos depois, um encontro irá entusiasmá-lo
ainda mais no seu caminho de resposta vocacional. João tinha ido para
Buttigliera, onde estavam acontecendo as missões populares, para ouvir as pregações
dos missionários. No caminho de volta, conheceu o Pe. João Calosso, capelão de Murialdo.
Este padre sábio e experimentado na vida impressionou-se com a inteligência de
João, e passou a acompanhá-lo bem de perto, como seu professor particular e
guia espiritual.
A morte repentina de
Dom Calosso, pouco tempo depois deste encontro, causou uma grande
desestabilização na vida de João Bosco. Junto com o grande amigo e diretor
espiritual foram embora também as possibilidades que possuía de seguir o
caminho de formação para o sacerdócio.
As dificuldades se tornavam maiores no decorrer do
caminho de João Bosco, especialmente no campo familiar e econômico. Junto com a
incerteza de se possuir os dons necessários para abraçar a vocação sacerdotal, faz
brotar uma angústia muito grande em seu jovem coração.
Entretanto, com muita fé e dedicação, superando muitas
dificuldades, João Bosco entra no seminário diocesano de Chieri, sendo ordenado
padre no dia 5 de junho de 1841. Em 3 de novembro, ingressou no Colégio
Eclesiástico para prosseguir com a sua formação sacerdotal. É neste tempo que o
recém-ordenado João Bosco vai ter contato com a duríssima realidade dos jovens
de Turim. Junto com o Pe. José Cafasso, seu professor e diretor espiritual,
visitou os cárceres, onde pôde constatar como é grande a malícia e a miséria
dos homens.
Chegando ao fim o seu tempo de estudos no Colégio
Eclesiástico, foi questionado pelo Pe. Cafasso, sobre o que seu coração se sentia
inclinado a fazer a partir daquele momento. Dom Bosco constatou: “parece que me encontro em meio a uma multidão de meninos que me pedem
ajuda”. Enfim, havia encontrado a sua vocação, para a qual iria dedicar
toda a sua vida.
Tendo como base a
experiência de vida de Dom Bosco, podemos concluir três intuições importantes:
A importância da família: sabemos que o
pequeno João Bosco teve uma experiência familiar bastante conturbada,
especialmente pela morte prematura de seu pai, pela crise econômica e pela incompreensão
de seu meio-irmão Antônio. No entanto, a presença de sua mãe, Margarida, foi extraordinária.
Soube conciliar os papeis de mãe e de pai, além de se responsabilizar por uma família
com duas crianças e uma senhora idosa, sua sogra. O enteado, amado e
considerado como filho por Margarida, nem sempre soube cooperar adequadamente e
não poucas vezes criou situações muito difíceis, que Margarida precisou
administrar. Com a sua fé profunda e pautada no cotidiano, soube imprimir em
Dom Bosco a crença de um Deus amigo e que oferece tudo aquilo que ele
necessita. A sua maneira de educar também deixou uma herança importante a Dom
Bosco: é dela que ele aprenderá o seu estilo de educar e evangelizar os seus
jovens.
O trabalho apostólico como uma
forma de discernir a vontade de Deus: desde muito cedo
João Bosco cultivou o principio de ser muito concreto em suas iniciativas, não
esperando um tempo propicio que poderá chegar, mas buscando ser a diferença nas
pessoas aqui e agora. Foi assim no início do seu ministério sacerdotal, quando
quis dar uma resposta pronta aos jovens que padeciam nas ruas e nos cárceres de
Turim, e foi assim quando criança, logo após o sonho dos nove anos, oferecendo
aos seus amigos e vizinhos um espaço de entretenimento e de encontro com Deus.
Este trabalho continua mesmo quando se muda para a casa dos Moglia e quando
estuda em Castelnuovo, e se transformará na Sociedade da Alegria quando estudar
em Chieri. Esta experiência apostólica – e o amadurecimento que ela
proporcionou – foram muito importantes para Joao Bosco entender qual a missa
que Deus havia lhe reservado.
A presença amiga: em vários momentos de sua adolescência e juventude, Joao Bosco irá
lamentar a falta de proximidade dos sacerdotes de sua época. Irá expressar em
suas Memórias o quanto ele gostaria de ter a amizade destes padres, para que
pudesse partilhar sua vida espiritual e aprender com eles. Esta expectativa ele
irá sanar de forma particular com o Pe. Joao Calosso, alguém que irá marcar
profundamente a sua vida e que irá lhe oferecer a esperança e as condições de
realizar o que Joao sente ser o chamado de Deus. Com a morte de Calosso, João
Bosco irá encontrar outros sacerdotes muito bons e generosos, especialmente
entre seus professores. Mas só irá manter uma identificação total com um amigo
da alma no seminário, com o Pe. José Cafasso.
Dom Bosco foi feliz em sua vida, porque tendo encontrado a sua vocação, empregou
todas as suas energias em respondê-la. Uma vez que havia entendido que Deus lhe
pedia para ser um pai e um amigo para os jovens, “não deu passo, não pronunciou
palavra, não pôs mão em nenhum empreendimento que não visasse a salvação da
juventude”. E assim viveu a sua santidade, colocando Jesus Cristo no centro da
sua vida e dando o seu melhor para cumprir a missão que recebeu. Ajudou também
a muitos outros jovens a seguirem o seu exemplo, orientando muitos para
responder à sua vocação, especialmente os de seu oratório que mais tarde se
tornariam padres, pais de família, religiosos... E você, já sabe o que Deus
quer para a sua vida?
Padre Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
Delegado para a Pastoral Juvenil e Vocacional da Inspetoria Salesiana de São Paulo
Delegado para a Pastoral Juvenil e Vocacional da Inspetoria Salesiana de São Paulo
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