sexta-feira, 24 de maio de 2013

PRESENÇA DE MARIA NA VIDA DE SÃO JOÃO BOSCO


“Saibam que Ela se encontra aqui em nosso meio”
(São João Bosco)

Querido leitor,
                Hoje celebramos como Família Salesiana, a Solenidade da Padroeira Principal, N. S. Auxiliadora. Gostaria de destacar, em breves palavras, a importância da presença de Maria na vida de São João Bosco.
                Inicialmente, podemos dizer que o termo “presença” é utilizado na cultura contemporânea, como categoria hermenêutica em diversos campos. Podemos considerar a “presença” de três modos: “estar diante”; “mera presença” enquanto ser (metafísica e intencional) e “recíproca relação interior de comunhão” (perspectiva personalista). O último modo, hoje, tem sido usado pela Teologia. No âmbito filosófico é impossível pensar uma experiência de mundo e o próprio conhecimento humano sem a noção de “presença”. Filosoficamente, pode-se dizer que o ser manifesta-se ao homem com a sua própria presença. O homem se encontra, imediatamente, na presença das coisas.
                Um caráter importante da mística religiosa consiste no sentido da presença de Deus, que alarga os horizontes, dentro dos pequenos interesses humanos, conferindo à vida, uma seriedade definitiva. O que faz o místico? Imagina e coloca em prática, métodos que possibilitem adquirir um sentimento da presença de Deus tão intenso, que se torna maior do que a manifestação dos sentidos físicos. Aqui está o contra-senso do misticismo.
                Na Bíblia, tanto no Antigo e Novo Testamento, a “presença” divina caracteriza a aliança de Deus com o povo. A “presença” de Deus no homem Jesus de Nazaré é a novidade mais significativa da revelação e, também, a essência da mensagem cristã. Na liturgia, o tema da “presença” não é setorial ou isolado, mais importante, quando se fala de “multiforme presença”, ou seja, real e pneumática, caráter este, que encontra o seu sentido por antonomásia na Eucaristia.
                Logo, “presença” no sentido pleno do termo em teologia, não é uma simples presença local, mas, um dirigir-se em direção ao outro para ajudá-lo, curá-lo, guardá-lo.  O Beato João Paulo II na Encíclica Redemptoris Mater utiliza-se da “presença” para falar da Virgem Maria no mistério de Cristo e da Igreja, tendo-a como “presença” ativa e exemplar.
                Daqui é possível destacar, a “presença” de Maria em toda a extensão do mistério da salvação. Ela é “presença” singular no eterno plano da salvação. É “presença” misteriosa e profética no tempo das promessas. É “presença” discreta e profunda no mistério de Cristo e é “presença” ativa e exemplar na vida e na história da Igreja peregrina. Uma “presença” que nos conduz ao cumprimento escatológico da Igreja.
                A “presença” de Maria torna-se chave hermenêutica como categoria relacional, porque nos envia a “presença” de Deus no cosmo, de Cristo na Eucaristia, do Espírito Santo pelo qual se deve a transformação escatológica dos corpos e, por último, a Igreja e aos singulares fiéis com objetivo de comunicação e de encontro com o sagrado e divino.
                Partindo da preciosa analogia do Cristo ressuscitado e os corpos ressuscitados, segundo a nossa fé, percebemos em Maria, uma “presença” pneumática, glorificada, incorruptível e espiritual, olhando os dados da Assunção. Assim sendo, Maria desponta como sinal de esperança e consolo para nós peregrinos que ainda caminhamos, porém, certos de sua materna “presença” em nosso meio, para alcançarmos a meta que é a santificação (Cf. LG 68). A teologia da Assunção nos dá a compreensão da possibilidade de uma “presença” de Maria em nossa história, já que Ela foi redimida, em vista dos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
              
Inspetoria Salesiana Nossa Senhora Auxiliadora - São Paulo
  Pois bem, tudo isso, para chegarmos na “presença” d’Ela na vida de São João Bosco. Melhor dizendo, tudo que tratamos até aqui, como teologia atual, o nosso santo já vivia e já experienciava. No sonho dos nove anos, a “presença” de Maria em sua vida é ativa, materna e atuante. Existe na vida de São João Bosco uma relação pessoal com Maria, sendo Ela, mãe e mestra. Por isso, ele reconhece os inúmeros benefícios em sua vida e no desenrolar de sua obra. Dom Bosco tem certeza da “presença” da Auxiliadora.
                Por isso, quero recordar um evento importante que marca a teologia da presença na vida de São João Bosco: as últimas palavras repetidas por ele com insistência na última visita as Filhas de Maria Auxiliadora em Nizza Monferrato (22 de junho 1887). São palavras que traduzem uma experiência mística que a teologia de hoje pode compreender melhor à luz do corpo glorificado de Maria: “Se pudesse falar, quantas coisas tinha a vos dizer... Quero dizer somente que Nossa Senhora vos quer muito, muito bem. Saibam que Ela se encontra aqui em nosso meio... Quero dizer que Maria está verdadeiramente aqui em nosso meio. Nossa Senhora passeia nesta casa e a cobre com o seu manto” (São João Bosco).
                Nesta solenidade de Maria Auxiliadora, peçamos a graça da compreensão daquelas palavras, daquela experiência mística de nosso Pai Dom Bosco. Nossas constituições atestam: “Cremos que Maria está presente entre nós e continua a sua missão de Mãe da Igreja e Auxiliadora dos Cristãos” (Const. 8). Peçamos o seu auxílio em nossas necessidades, em nossas lutas, em nossas provações, mas, sobretudo, reafirmemos a nossa confiança, que Ela se faz presente em nossa vida hoje e continua sua missão maravilhosa de mãe, mestra, educadora e primeira cristã.





Pe. Fábio José de Farias, SDB
Diretor do Pós-Noviciado  
Inspetoria Salesiana do Nordeste do Brasil
               
               


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