Para Dom Bosco, a
maior santidade e a maior festa era estar na graça de Deus, viver na amizade
com Deus, longe de qualquer ofensa a Ele. Este era também o caminho para viver
sempre na alegria. “Servi ao Senhor com alegria”, dizia muitas vezes aos seus
meninos e jovens. E lhes indicava duas fontes da verdadeira alegria: o
Sacramento da Reconciliação, pelo qual se recebe a misericórdia de Deus, é
restaurada a amizade rompida, é devolvida a vida divina e é restituída a paz ao
coração; e o Sacramento da Eucaristia, pelo qual Jesus vem tomar conta da pessoa
de quem o recebe e, dessa forma, nela instaura a alegria que o mundo não pode
dar, aquela alegria que só os amigos de Deus provam: ser um só com o
Ressuscitado.
Os meninos e jovens do
Oratório de Dom Bosco em Turim sabiam disso e muitos seguiram por esse caminho:
viveram em santa alegria. Quando Domingos Sávio – modelo de espiritualidade
festiva juvenil – acolheu um companheiro que, pela primeira vez, entrava para a
casa de Dom Bosco, disse-lhe: aqui fazemos consistir a nossa santidade em viver
sempre alegres, cumprindo os próprios deveres. Nada mais! Também nada mais
certo do que isto: os deveres de cada dia são a expressão da vontade do Senhor,
e cumpri-los com alegria significa cumpri-los em companhia do Senhor, pois Ele
está perto, aliás, está dentro do coração de quem lhe quer bem. Esta foi – e
continua sendo – a santidade salesiana, a espiritualidade da festa. Quantos
jovens, quantos salesianos se santificaram – e santificam – assim!
Ainda: quando Domingos
Savio se empenhou seriamente no caminho da santificação, Dom Bosco proibiu-lhe
penitências que ele tinha tentado praticar. Pelo contrário, fez com que
enveredasse pelo caminho da santidade salesiana, de uma espiritualidade alegre.
E acrescentou uma indicação fundamental: em vez de fazer penitências, que se
dedicasse a fazer o bem a seus colegas. Aqui está mais um elemento
indispensável da santidade proposta por Dom Bosco: ir ao encontro dos outros
para fazer-lhes o bem. Quem tem no coração a mesma vida de Deus, quem procura
cumprir sua santa vontade, quem se esforça por doar-se aos outros, este vive
sempre contente e está no bom caminho que leva à santificação. É assim que se
realiza o que Dom Bosco propunha com frequência a seus meninos e jovens: “Servi
ao Senhor com alegria”.
Não é sem razão que
quem visitava o Oratório de Dom Bosco em Turim ficava impressionado ao
mergulhar num ambiente que ressoava amor a Deus, fraternidade, espiritualidade,
felicidade, alegria. Era a santidade de Dom Bosco que se difundia entre os seus
meninos e jovens. É este mesmo tipo de santidade que Dom Bosco continua a
propor à juventude de hoje. Feliz de quem a compreender e se esforçar por vivê-la!
Por Dom Hilário Moser, sdb |
Dom Hilário Moser é Bispo Emérito da Diocese de Tubarão (SC) e atualmente mora na comunidade salesiana Nossa Senhora Auxiliadora de Campinas (SP).