domingo, 25 de novembro de 2012

SANTIDADE SALESIANA: ESPIRITUALIDADE DA FESTA



Para Dom Bosco, a maior santidade e a maior festa era estar na graça de Deus, viver na amizade com Deus, longe de qualquer ofensa a Ele. Este era também o caminho para viver sempre na alegria. “Servi ao Senhor com alegria”, dizia muitas vezes aos seus meninos e jovens. E lhes indicava duas fontes da verdadeira alegria: o Sacramento da Reconciliação, pelo qual se recebe a misericórdia de Deus, é restaurada a amizade rompida, é devolvida a vida divina e é restituída a paz ao coração; e o Sacramento da Eucaristia, pelo qual Jesus vem tomar conta da pessoa de quem o recebe e, dessa forma, nela instaura a alegria que o mundo não pode dar, aquela alegria que só os amigos de Deus provam: ser um só com o Ressuscitado. 

Os meninos e jovens do Oratório de Dom Bosco em Turim sabiam disso e muitos seguiram por esse caminho: viveram em santa alegria. Quando Domingos Sávio – modelo de espiritualidade festiva juvenil – acolheu um companheiro que, pela primeira vez, entrava para a casa de Dom Bosco, disse-lhe: aqui fazemos consistir a nossa santidade em viver sempre alegres, cumprindo os próprios deveres. Nada mais! Também nada mais certo do que isto: os deveres de cada dia são a expressão da vontade do Senhor, e cumpri-los com alegria significa cumpri-los em companhia do Senhor, pois Ele está perto, aliás, está dentro do coração de quem lhe quer bem. Esta foi – e continua sendo – a santidade salesiana, a espiritualidade da festa. Quantos jovens, quantos salesianos se santificaram – e santificam – assim!

Ainda: quando Domingos Savio se empenhou seriamente no caminho da santificação, Dom Bosco proibiu-lhe penitências que ele tinha tentado praticar. Pelo contrário, fez com que enveredasse pelo caminho da santidade salesiana, de uma espiritualidade alegre. E acrescentou uma indicação fundamental: em vez de fazer penitências, que se dedicasse a fazer o bem a seus colegas. Aqui está mais um elemento indispensável da santidade proposta por Dom Bosco: ir ao encontro dos outros para fazer-lhes o bem. Quem tem no coração a mesma vida de Deus, quem procura cumprir sua santa vontade, quem se esforça por doar-se aos outros, este vive sempre contente e está no bom caminho que leva à santificação. É assim que se realiza o que Dom Bosco propunha com frequência a seus meninos e jovens: “Servi ao Senhor com alegria”. 

Não é sem razão que quem visitava o Oratório de Dom Bosco em Turim ficava impressionado ao mergulhar num ambiente que ressoava amor a Deus, fraternidade, espiritualidade, felicidade, alegria. Era a santidade de Dom Bosco que se difundia entre os seus meninos e jovens. É este mesmo tipo de santidade que Dom Bosco continua a propor à juventude de hoje. Feliz de quem a compreender e se esforçar por vivê-la!

Por Dom Hilário Moser, sdb

Dom Hilário Moser é Bispo Emérito da Diocese de Tubarão (SC) e atualmente mora na comunidade salesiana Nossa Senhora Auxiliadora de Campinas (SP).

sábado, 24 de novembro de 2012

Ir. Maria Troncatti: a neobeata da Família Salesiana!


Nasceu em Corteno Golgi (Brescia) no dia 16 de Fevereiro de 1883. Na família numerosa, cresceu alegre e trabalhadeira, dividindo-se entre os trabalhos do campo e o cuidado dos irmãozinhos, no clima cálido de afeto dos pais exemplares. Assídua à catequese paroquial e aos Sacramentos, a adolescente Maria amadurece um profundo senso cristão que a abre aos valores da vocação religiosa. 

Por obediência ao pai e ao Pároco, portanto, espera atingir a maioridade antes de pedir a admissão no Instituto Filhas de Maria Auxiliadora e faz a Primeira Profissão em 1908 em Nizza Monferrato. Durante a primeira guerra mundial (1915-1918) Ir. Maria acompanha, em Varazze, cursos de assistência sanitária e trabalha como enfermeira da cruz vermelha no hospital militar: uma experiência que lhe será muito mais preciosa ao longo de sua longa atividade missionária na floresta amazônica do Oriente equatoriano. 


 Partiu, de fato, para o Equador em 1922, foi mandada entre os indígenas Shuar, onde, com outras duas irmãs, inicia um difícil trabalho de evangelização em meio a riscos de todos os gêneros, inclusive aqueles causados pelos animais da floresta e das ciladas dos turbulentos rios a serem atravessados a nado ou sobre frágeis "pontes" de cipós, ou ainda sobre os ombros dos índios.

Macas, Sevilla, Dom Bosco, Sucúa são alguns dos "milagres" florescentes, ainda hoje, da ação de Ir. Maria Troncatti: enfermeira, cirurgiã ortopedista, dentista e anestesista... Mas, sobretudo, catequista e evangelizadora rica de maravilhosos recursos de fé, de paciência e de amor fraterno. 

Sua obra shuar, para a promoção da mulher, floresce em centenas de novas famílias cristãs, formadas, pela primeira vez, sobre a livre escolha pessoal dos jovens esposos. Ir. Maria morreu em um trágico acidente aéreo em Sucúa no dia 25 de Agosto de 1969. Seus restos mortais repousam em Macas, na Província de Morona (Equador). A Serva de Deus - Ir. Maria Troncatti - foi declarada Venerável com o Decreto de 08 de novembro de 2008. 
E neste dia 24 de novembro de 2012 é declarada Bem-aventurada.

 Fonte: http://www.cgfmanet.org/_1_.asp?Lingua=5&sez=1&sotSez=4&detSotSez=1&doc=11


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O ano de 1857 na vida da Beata Madalena Morano




Neste ano aconteceram três fatos muito importantes na vida da Beata, dos quais ela se recordou durante toda a vida e, talvez, esses fatos marcaram sua vocação e sua maneira de trabalhar em prol dos mais necessitados.
Primeiramente, após a morte de seu pai e sua irmã, Madalena teve de ajudar a mãe nos afazeres da tecelagem. Todo fim de mês elas iam até a cidade para entregar as encomendas aos fregueses e, ao mesmo tempo, comprar mais materiais para que pudessem continuar seus trabalhos. No fim do mês de março, enquanto voltavam da cidade, foram surpreendidas por dois bandidos que roubaram as sacolas de sua mãe. Madalena então rogou a São José para que nada de mal acontecesse com sua mãe. Foi então que surgiu um robusto homem, trajado com roupas de carpinteiro, que rapidamente espantou os bandidos. Esse homem acompanhou-as até o pequeno vilarejo onde moravam e, quando as duas se voltaram para lhe agradecer tamanha generosidade, ele desapareceu.
Outro fato de grande importância foi a sua Primeira Comunhão. Alguns dias depois do assalto e, segundo Madalena, a “aparição de São José”, exatamente no dia 12 de abril, dia da Ressureição do Senhor (Páscoa), a pequena Madalena Morano recebe a sua Primeira Comunhão. Fato muito importante para sua vida, pois foi neste dia que ela disse que seria “toda do Senhor”. Muitas irmãs que conviveram com ela dizem do quanto Madalena dizia da sua primeira comunhão e o quanto ela se alegrava somente em recordar esse acontecimento em sua vida.

Por fim, em outubro deste mesmo ano, Madalena vê uma pessoa que, segundo ela, lhe orientaria por toda a vida. No dia 11 de outubro, os meninos de Dom Bosco terminavam seu passeio de outono pelas vilas de Monferrato, passando pelo vilarejo onde a família Morano residia. A pequena Madalena e seu irmão Pedro subiram em uma árvore para poder ver e ouvir a banda musical dos jovens de Dom Bosco. De cima da árvore ela viu um padre muito alegre e bondoso. Nem pensava que 21 anos mais tarde esse padre seria seu orientador de maneira definitiva.
Madalena Morano consagra-se a Deus como irmã salesiana em 1880, comprometida com votos perpétuos. Dedica toda a sua vida para a expansão das obras salesianas na Sicília. No dia 26 de março de 1908, com 60 anos, Madre Madalena Morano morre em Catânia, após muito sofrer com uma grave doença.



Teylor Balboeno de Carli, 
noviço salesiano da 
Inspetoria São Pio X, sul do Brasil.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Artêmides Zatti

Exemplo de Salesiano Irmão; exemplo de santidade!



Artemides Zatti nasceu no dia 12 de outubro de 1880 em Boretto, província de Reggio Emilia na Itália. Sua família era pobre e seus pais trabalhavam como arrendatários para outras famílias, porém, pressionados pela pobreza, participaram de uma emigração para a Argentina.  Chegaram a Bahía Blanca no dia 13 de fevereiro de 1897.

 Foi nesta cidade que Zatti conheceu os salesianos. Eles eram responsáveis pela paróquia de Nossa Senhora das Mercês.  Tendo contato com o pároco Pe. Carlos Cavalli, Zatti passava a maior parte do seu tempo livre na paróquia. Com ele, visitava os doentes, acompanhava funerais e ajudava nas missas como sacristão. Com toda essa vivênciade Zatti sentiu o desejo e o chamado de se tornar salesiano. Em 1900 amadureceu a realidade da vocação e após o discernimento, foi admitido no aspirantadode Bernal no dia 19 de abril.

Zatti que demonstrava maturidade e grande responsabilidade recebeu, já no aspirantado, a missão de cuidar de um padre que era tuberculoso.  Apesar de sua dedicação, acabou contraindo a mesma doença. Diante dessa provação, Zatti fez uma promessa a Maria Auxialidora, onde pediu a cura de sua doença. Se conseguisse tal graça prometeu que entregaria toda sua vida a serviço dos doentes. Após uma consulta médica os superiores decidiram mandá-lo para Viedma em 1902. Com a saúde reestabelecida Zatti começou a trabalhar na farmácia anexa ao Hospital missionário de São José, dirigido pelo padre Evágio Garrone.

Quando Zatti foi enviado a Viedma ainda era aspirante. A princípio, aspirava à vocação de sacerdote, porém, naquela época o salesiano que quisesse não poderia professar se tivesse alguma doença. Os superiores sugeriram que ele professasse como salesiano coadjutor. Após refletir sobre sua vida e sobre a mediação dos Superiores Zatti compreendeu a vontade de Deus. Ele percebeu que com a vocação de salesiano coadjutor ele poderia cumprir mais diretamente e mais completamente a promessa que tinha feito a Nossa Senhora. Provavelmente como sacerdote não poderia realizar doar-se de modo integral aos doentes, devido os compromissos sacerdotais. Em janeiro de 1908 emitiu os votos religiosos como salesiano coadjutor. 

Com a morte do Pe. Garrone em 1915 tornou-se diretor do Hospital de São José. De doente tornou-se enfermeiro e a doença dos outros se tornou seu apostolado sua missão. Durante os quarenta anos transcorridos em Viedma, Zatti pode testemunhar a sólida virtude e o espírito salesiano. Em 1950 caiu da escada, foi forçado ao repouso e alguns meses depois se manifestaram sintomas de câncer. Zatti teve insuficiência hepática e sucessivamente um tumor no fígado. Faleceu no dia 15 de março de 1951. O salesiano coadjutor foi realmente um bom samaritano com o estilo de Dom Bosco. Sua compaixão, sua presença alegre que curava, seu testemunho de fé e esperança,  seu zelo apostólico aos doentes, e seu amor a Jesus levaram o servo de Deus à sua santificação. Seu corpo repousa na capela dos salesianos de Viedma, na Argentina.

Podemos perceber pelo exemplo de Artemides Zatti que a vocação de salesiano coadjutor também é um caminho de santificação. Unindo os dons da consagração e da laicidade, os salesianos coadjutores são chamados a ser no mundo sinais do amor de Deus aos jovens.  Com sua laicidade, abre perspectivas novas para inserção no mundo da cultura e da juventude buscando ser um educador-pastor. Com sua consagração aponta o compromisso de testemunhar a fé, vivendo a fidelidade ao Reino e a comunhão eclesial. Eles podem proclamar a presença e a comunicação de Deus no cotidiano, nos lugares mais diversos, especialmente naqueles que os presbíteros não podem chegar.  

A característica laical da missão salesiana está na atenção dos jovens pobres especialmente no mundo do trabalho, onde o salesiano deve testemunhar não apenas a capacidade profissional, mas o primado do Absoluto, razão de sua vida.  Além disso, é chamado a ser uma presença-testemunho de oblação, generosidade e disponibilidade missionária. Dom Bosco sempre desejou uma congregação que fosse constituída de sacerdotes e coadjutores, unidos numa única comunhão de vida e de trabalho. 

A figura do coadjutor sempre ocupou sua atenção durante sua vida. Ele a aperfeiçoou como exigência da missão juvenil, à medida que se abriam novos horizontes, ou seja, em muitos contextos da história os sacerdotes não eram aceitos.  Desta forma, o salesiano leigo poderia continuar sua missão entre os jovens.  Nossa congregação oferece as duas possibilidades de vocação, tanto a laical como a sacerdotal, por isso se você se sente chamado por Deus a buscar qualquer uma das formas não tenha medo de responder!
Que o beato Artemides Zatti possa estar intercedendo pela sua vocação e por todos os salesianos coadjutores.



 Eduardo Toledo, natural de Pindamonhangaba – SP,
é noviço salesiano em Curitiba – PR.
Irá fazer a Primeira Profissão Religiosa como Salesiano Irmão.