Espanhola, nascida em 15
de dezembro de 1899, na zona rural da província de Salamanca, Eusébia Palomino
Yenes é filha de uma família muito pobre. Quando criança, necessitava pedir
esmolas pela rua com seu pai Agostinho Palomino, que após sofrer um acidente no
trabalho braçal, não podia mais exercer nenhuma atividade física pesada. Mas
havia uma infinita riqueza que esta jovem recebera do pai desde muito cedo: a
fé! Nas recordações mais queridas de sua infância estão a participação nas
pregações dos missionários que passaram por sua cidade e um grande susto, do
qual foi livrada pela intercessão de Nossa Senhora, quando caiu no poço ao
tirar água para a família.
Seu pai, pobre de bens, mas rico dos valores do Sumo
Bem, fazia questão de ensiná-la as primeiras lições de catecismo, e instrui-la
o mais que podia na bondade e caridade. Aos 10 anos de idade, Eusébia - que
desde muito cedo se destacava na disponibilidade em ajudar a quem precisasse,
fosse em casa, na paróquia ou na rua - recebe a Primeira Eucaristia e ao que
parece logo compreende a perfeita ligação entre este Sacramento e o sentido da
oferta de si mesma a Deus e ao próximo.
Devido a necessidade extrema de sua família, a
pequena Eusébia consegue com uma família conhecida o trabalho de babá pela
manhã e ajudante na roça da propriedade desta mesma família à tarde.
Trabalhando em contato direto com a natureza a jovem desenvolve um encantamento
contemplativo pelo Criador de todas as coisas! Com isso, começa a sonhar em se
consagrar a Ele!
Em vista de melhores condições e ainda preocupada com
as necessidades da família, Eusébia parte com sua irmã Dolores para Salamanca,
onde precisa superar a dor da saudade da casa e persistir no trabalho que encontrara em um
asilo, onde ajudava na limpeza, cozinha, arrumação e costura.
Aí
aconteceu um fato singelo e significativo. Capinando a horta do asilo, Eusébia
encontra uma medalha de Maria Auxiliadora, foi quase amor à primeira vista.
Eusébia sentiu palpitar em seu coração a certeza de que aquela doce Senhora
seria companheira de toda a sua vida. Em poucos dias, deu-se o segundo e
providencial encontro. Saindo da missa na Igreja dos Jesuítas, vê passar uma
procissão com a imagem de Maria Auxiliadora e imediatamente emociona-se,
pensando que poderia fazer-se religiosa. Passadas duas semanas, acontece o
encontro decisivo. Uma amiga convida-a para ir ao Oratório das Irmãs Salesianas
e vendo ali a imagem da sua Auxiliadora sentiu uma voz interior que dizia: “É
aqui o teu lugar”.
Passou
a frequentar o Oratório assiduamente, até que as irmãs a convidaram a trabalhar
com elas, ajudando nos trabalhos domésticos e como assistente do Oratório. Pôde
então, amadurecer a ideia de ser irmã religiosa. Porém, o delicado momento
histórico da Primeira Guerra Mundial, que assolando a população com uma
epidemia de gripe espanhola, matou sua irmã Dolores. Foi preciso buscar grande
força em seu coração para ajudar seus pais a superarem tamanha dor. A esta
altura Eusébia contava com 17 anos de idade.
Então,
apenas em 1921 Eusébia pode ingressar na formação do Instituto das Filhas de
Maria Auxilidora, emitindo seus primeiros votos religiosos em 5 de agosto de
1924.
Eusébia
sempre foi muito tímida e simples. Não atraía pela espontaneidade, mas pelo
carinho e afeto com que realizava as mais simples tarefas. Dedicada no
Oratório, na catequese e nas atividades domésticas, Irmã Eusébia destacava-se por
sua humildade, singeleza e sinceridade. Encarregada da cozinha,
surpreendentemente, atraía para este espaço as jovens que desejavam sua
agradável companhia, sempre carregada de fé, palavras de bondade e alegre
amizade.
Irmã Eusébia Palomino morreu em 10 de fevereiro de
1935, após uma doença que perdurara desde 1931, quando, na Revolução Espanhola,
tropas do exército invadiram o colégio e obrigaram às irmãs fugirem e
refugiarem-se nas casas de cristãos amigos. Naquela situação extrema, em 17 de
abril, Irmã Eusébia consagra-se ao Senhor “como vítima de amor para a salvação
das pessoas e para o crescimento do Reino de Jesus e de minha mãe Maria”,
conforme as palavras que ela própria escreve em sua autobiografia, redigida nos
anos de enfermidade. Até 1933, Irmã Eusébia ainda auxiliava nas atividades com
as educandas, mas a partir deste ano, quando a República Revolucionária da
Espanha, decreta a ilegalidade da Igreja Católica, Eusébia declina ainda mais e
vê-se acamada a maior parte do tempo. Por pequena que fosse, quando percebia
alguma melhora na saúde, descia para a capela a rezar ou ao pátio, onde reunia
em torno de si grande parte das alunas, atraídas pelo sorriso simples e amável
de Irmã Palomino. Em 1934, embora no quarto, ainda viveu a alegria da
canonização de Dom Bosco, a quem muito amava como pai fundador e em quem se
espelhava na confiança plena a Maria Auxiliadora. Nos seus momentos de agonia
falava apenas de coisas bonitas do céu, da eternidade feliz e sorrindo, adormeceu
na Paz do seu Senhor.
O povo da cidade, as alunas, as irmãs, que conheciam
de perto a heroicidade de Irmã Eusébia Palomino já a consideravam santa e em 25
de abril de 2004, foi declarada bem aventurada pelo Papa João Paulo II.
Em Eusébia Palomino, encontramos uma mulher
consagrada, Filha de Maria Auxiliadora, que como boa salesiana soube viver a
espiritualidade cotidiana do cumprimento dos dever e da alegria, que fiel e
confiante à Eucaristia e à Virgem Maria viveu o amor-serviço acima de todo o resto.
Ou seja, viveu autêntica e apaixonadamente o “da mihi animas Cetera tolle”.
Este artigo foi escrito por nossa amiga,
Cassiana Ferreira,
noviça das Filhas de Maria Auxiliadora.
Inspetoria Salesiana Nossa Senhora Aparecida - Porto Alegre.
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"Aquilo que fazes aos pequenos, aos simples e necessitados: Deus o recebe".
Beata Eusébia Palomino: rogai por nós!