sábado, 31 de agosto de 2013

Um jovem modelo para todos!


Olá santificáveis!

 

É com grande alegria que neste mês celebramos e festejamos como Família Salesiana, a memória de um jovem que a nós deixou seu exemplo de santidade juvenil. Celebramos a memória de Zeferino Namancurá. Um jovem Argentino da tribo dos índios Araucanos, que são um povo indígena da região centro-sul do Chile e do sudoeste da Argentina. São conhecidos também como Machupes, na língua mapudungun significa: “gente da terra”.

Bom, vamos à sua história... No dia 26 de agosto de 1886, em Chimpay, cidade localizada às margens do rio Negro, Argentina, nasceu Zeferino Namancurá. Seus pais se chamavam Rosario Burgos e Manuel Namancurá. O sobrenome Namuncurá, em mapudungun significa "Pé de pedra" (namun = pie, cura = piedra), ou seja: alguém firme, decidido. E foi esta a personalidade adotada pelo nosso “santo indiozinho”, que fora firme na piedade e nos cumprimentos com os seus deveres, tal postura o fara futuramente, ser conhecido e venerado por todo o seu povo... E pelo mundo!

O pai de Zeferino – Manuel Namancurá, como já foi citad, foi um célebre líder que lutou heroicamente numa batalha contra o Exército Argentino. E era eleo cacique dos Araucanos!

Em 1888, Zeferino recebeu o sacramento do batismo por um missionário salesiano, padre Domingo Milanesio. Que foi um grande defensor dos povos indígenas na Argentina, e a quem Zeferino tinha grande afeição e referência. Alguns anos mais tarde, seu pai, Manuel Namancurá foi proclamado coronel do exército argentino, e aceitou que o filho fosse estudar na capital. Após uma breve experiência numa escola estadual, Zeferino foi acolhido para o colégio salesiano de Buenos Aires a 20 de Setembro de 1897.

O clima de família que respirava no colégio salesiano fez com que Zeferino se encantasse por Dom Bosco! Logo despertou em si o desejo de se entregar a este carisma, desejando ser um padre salesiano, para assim evangelizar seu povo. Zeferino escolheu – assim como eu - Domingos Sávio como modelo. Por tal devoção, procurava sempre imitá-lo! Nos deveres de estudo, piedade e oração. Porém, também teve de enfrentar algumas dificuldades diante da nova cultura que estava em sua volta, teve de se esforçar muito para conseguir se “enquadrar” nela. Mas em tudo estava sempre “sorrindo com olhos”, como diziam seus colegas. E de fato, Zeferino fez valer sua devoção a Domingos Sávio. Pois a cada dia, foi sendo um verdadeiro exemplo para aqueles que conviviam ao seu lado. Ora, Zeferino era perfeito no cumprimento dos seus deveres.  A antiga sabedoria herdada dos seus antepassados se encontrou e se integrou com a sabedoria cristã, por ele percebida como o ápice, o complemento daquela do seu povo.

Infelizmente...
Nos princípios de 1902 a saúde de Zeferino começou a ficar cada vez mais frágil e através dos exames médicos que foram realizados percebeu-se que ele havia contraído tuberculose. Devido a isso, Monsenhor Juan Cagliero, decide transladá-lo a Viedma com a esperança de que o ar nativo o ajudasse a recuperar sua saúde. Assim, em 1903 no Colégio São Francisco de Sales, em Viedma, Zeferino iniciou seus estudos como aspirante salesiano! Nesse tempo era o padre Evasio Garrone e o Beato Artémides Zatti que cuidavam de Zeferino. Aos 19 de julho de 1904, Zeferino é levado para Turim (Itália), por Monsenhor Cagliero, onde os salesianos tiveram a esperança de que ali, Zeferino pudesse recuperar a sua saúde, podendo então continuar seus estudos rumo ao sacerdócio.
Em Turim, o Beato Miguel Rua (primeiro sucessor de Dom Bosco), conversava várias vezes por semana com Zeferino. Um dos grandes acontecimentos de sua vida aconteceu aos 27 de setembro de 1904: Zeferino visita o Papa Pio X, que o abençoou comovido! Junto a Monsenhor Cagliero, os padres José Vespignani e Evasio Garrone, além de outros salesianos. 


Em março de 1905 (aos dezenove anos de idade), a tuberculose faz estragos na saúde de Zeferino e a cruel enfermidade avançava cada vez mais! Sendo internado no Hospital ‘Fate bene fratelli’ de Tiberina, em Roma. O médico que o atendia era o Dr. José Lapponi, médico pessoal dos Papas Leão XIIIPio X.

Triste data. No dia 11 de maio desse mesmo ano, Zeferino morre serenamente, acompanhado por Monsenhor Cagliero, a quem disse suas últimas palavras: "Bendito seja Deus e Maria Santíssima. Basta que eu possa salvar a minha, em todo o demais faça-se a vontade de Deus".
A nós ficam alguns questionamentos... Sabemos que uma vida não se resume numa folha, porém, o pouco que passamos a conhecer de Zeferino e sua conduta, nos levam a refletir sobre como esta nossa postura nos dias de hoje. Zeferino foi um jovem que conheceu de perto realidade de seu povo e decide deixá-los, para assim, com muito estudo, piedade e alegria, pudesse tornar-se uma pessoa melhor para todos eles. Voltando com nada para si, mas, para os outros. E a nós? Conhecemos a realidade em nossa volta? E tendo conhecimento da mesma, como reagimos diante dela?
Que Maria nos auxilie em nossa peregrinação terrestre na busca humana da perfeição e da caridade mutua, e nos inspire a sermos imitadores daqueles que nos deixou o bom exemplo. Como nos deixou Zeferino Namancurá!


Ademilson Gonçalves
Aspirante salesiano - Inspetoria de São Paulo.













Referências:
- vatican.com: <<http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20071111_zefferino_po.html#top>>
- wikipedia.org: <<
http://pt.wikipedia.org/wiki/Zeferino_Namuncur%C3%A1>>
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DAL COVOLO, Enrico; MOCCI, Giorgio. Santos na Família Salesiana. Trad. Hilário Moser, SDB. São Paulo: Salesiana, 2008.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O processo de decisão vocacional de Dom Bosco


O jovem João Bosco tinha 19 anos quando concluiu os seus estudos na escola pública de Chieri. Era normal que ele, neste momento, assim como os outros jovens que se situavam nesta etapa da vida, tomasse uma decisão sobre a própria vocação. No caso de João, não se tratava de uma reflexão nova: este questionamento já fazia parte dos seus pensamentos desde quando era criança, mais exatamente depois de ter o seu primeiro sonho vocacional, entre 9 e 10 anos de idade.
A partir daí, mesmo sendo tão pequeno, João buscou colocar em prática a missão que presumia ter, de levar a Palavra de Deus aos outros jovens, de acordo com as possibilidades de sua idade e de seu estado. É neste momento que ele começa o seu apostolado, reunindo os seus amigos e vizinhos para diverti-los com leituras com histórias dos clássicos da literatura e, principalmente para rezar e repetir a homilia que havia escutado na igreja pela manhã. Pelas suas habilidades, alegria e memória prodigiosa era muito amado e procurado por todos. Sua amizade era querida pelos jovens de seu povoado. Levará para a sua adolescência e juventude o propósito de ajudar os seus amigos a estarem mais próximos de Deus.
Alguns anos depois, um encontro irá entusiasmá-lo ainda mais no seu caminho de resposta vocacional. João tinha ido para Buttigliera, onde estavam acontecendo as missões populares, para ouvir as pregações dos missionários. No caminho de volta, conheceu o Pe. João Calosso, capelão de Murialdo. Este padre sábio e experimentado na vida impressionou-se com a inteligência de João, e passou a acompanhá-lo bem de perto, como seu professor particular e guia espiritual.
                A morte repentina de Dom Calosso, pouco tempo depois deste encontro, causou uma grande desestabilização na vida de João Bosco. Junto com o grande amigo e diretor espiritual foram embora também as possibilidades que possuía de seguir o caminho de formação para o sacerdócio.
As dificuldades se tornavam maiores no decorrer do caminho de João Bosco, especialmente no campo familiar e econômico. Junto com a incerteza de se possuir os dons necessários para abraçar a vocação sacerdotal, faz brotar uma angústia muito grande em seu jovem coração.
Entretanto, com muita fé e dedicação, superando muitas dificuldades, João Bosco entra no seminário diocesano de Chieri, sendo ordenado padre no dia 5 de junho de 1841. Em 3 de novembro, ingressou no Colégio Eclesiástico para prosseguir com a sua formação sacerdotal. É neste tempo que o recém-ordenado João Bosco vai ter contato com a duríssima realidade dos jovens de Turim. Junto com o Pe. José Cafasso, seu professor e diretor espiritual, visitou os cárceres, onde pôde constatar como é grande a malícia e a miséria dos homens.
Chegando ao fim o seu tempo de estudos no Colégio Eclesiástico, foi questionado pelo Pe. Cafasso, sobre o que seu coração se sentia inclinado a fazer a partir daquele momento.  Dom Bosco constatou: “parece que me encontro em meio a uma multidão de meninos que me pedem ajuda”. Enfim, havia encontrado a sua vocação, para a qual iria dedicar toda a sua vida.
            Tendo como base a experiência de vida de Dom Bosco, podemos concluir três intuições importantes:
                  A importância da família: sabemos que o pequeno João Bosco teve uma experiência familiar bastante conturbada, especialmente pela morte prematura de seu pai, pela crise econômica e pela incompreensão de seu meio-irmão Antônio. No entanto, a presença de sua mãe, Margarida, foi extraordinária. Soube conciliar os papeis de mãe e de pai, além de se responsabilizar por uma família com duas crianças e uma senhora idosa, sua sogra. O enteado, amado e considerado como filho por Margarida, nem sempre soube cooperar adequadamente e não poucas vezes criou situações muito difíceis, que Margarida precisou administrar. Com a sua fé profunda e pautada no cotidiano, soube imprimir em Dom Bosco a crença de um Deus amigo e que oferece tudo aquilo que ele necessita. A sua maneira de educar também deixou uma herança importante a Dom Bosco: é dela que ele aprenderá o seu estilo de educar e evangelizar os seus jovens.
                  O trabalho apostólico como uma forma de discernir a vontade de Deus: desde muito cedo João Bosco cultivou o principio de ser muito concreto em suas iniciativas, não esperando um tempo propicio que poderá chegar, mas buscando ser a diferença nas pessoas aqui e agora. Foi assim no início do seu ministério sacerdotal, quando quis dar uma resposta pronta aos jovens que padeciam nas ruas e nos cárceres de Turim, e foi assim quando criança, logo após o sonho dos nove anos, oferecendo aos seus amigos e vizinhos um espaço de entretenimento e de encontro com Deus. Este trabalho continua mesmo quando se muda para a casa dos Moglia e quando estuda em Castelnuovo, e se transformará na Sociedade da Alegria quando estudar em Chieri. Esta experiência apostólica – e o amadurecimento que ela proporcionou – foram muito importantes para Joao Bosco entender qual a missa que Deus havia lhe reservado.
                 A presença amiga: em vários momentos de sua adolescência e juventude, Joao Bosco irá lamentar a falta de proximidade dos sacerdotes de sua época. Irá expressar em suas Memórias o quanto ele gostaria de ter a amizade destes padres, para que pudesse partilhar sua vida espiritual e aprender com eles. Esta expectativa ele irá sanar de forma particular com o Pe. Joao Calosso, alguém que irá marcar profundamente a sua vida e que irá lhe oferecer a esperança e as condições de realizar o que Joao sente ser o chamado de Deus. Com a morte de Calosso, João Bosco irá encontrar outros sacerdotes muito bons e generosos, especialmente entre seus professores. Mas só irá manter uma identificação total com um amigo da alma no seminário, com o Pe. José Cafasso.
       Dom Bosco foi feliz em sua vida, porque tendo encontrado a sua vocação, empregou todas as suas energias em respondê-la. Uma vez que havia entendido que Deus lhe pedia para ser um pai e um amigo para os jovens, “não deu passo, não pronunciou palavra, não pôs mão em nenhum empreendimento que não visasse a salvação da juventude”. E assim viveu a sua santidade, colocando Jesus Cristo no centro da sua vida e dando o seu melhor para cumprir a missão que recebeu. Ajudou também a muitos outros jovens a seguirem o seu exemplo, orientando muitos para responder à sua vocação, especialmente os de seu oratório que mais tarde se tornariam padres, pais de família, religiosos... E você, já sabe o que Deus quer para a sua vida?

Padre Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
Delegado para a Pastoral Juvenil e Vocacional da Inspetoria Salesiana de São Paulo